São Paulo, segunda-feira, 23 de julho de 2007

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VÔLEI

Em meio a crise, seleção estréia

Time masculino, que pega à noite o Canadá, mostra-se contrariado com corte do levantador titular

"Eu amo o Ricardinho e espero que ele amadureça", diz o treinador Bernardinho, que dispensou atleta após ele se apresentar com atraso

DA ENVIADA AO RIO

A seleção de vôlei começa hoje a busca pelo único título que falta à era Bernardinho em meio a uma crise deflagrada por seu comandante.
Os jogadores mostraram ontem estar contrariados com a decisão do treinador de cortar Ricardinho do Pan do Rio.
Hoje, sem ele, estréiam contra o Canadá, às 22h, no ginásio do Maracanãzinho.
O treino pela manhã foi realizado em meio a um clima silencioso. Após o trabalho, os atletas não escondiam a irritação ao serem questionados sobre o corte. "Com ele ou com qualquer outro, teríamos tentado falar com o Bernardinho, se tivéssemos sabido antes. Mas a decisão nos pegou de surpresa e veio do técnico. Temos que acatar", disse o líbero Escadinha.
Pessoas ligadas à seleção dizem que não aconteceram brigas entre os jogadores. Relatam também que o grupo todo teve desgaste com a comissão técnica durante a campanha do sétimo título da Liga Mundial.
Os jogadores classificaram os atritos como "normais". "Não foi nada diferente do que já havia acontecido", disse Gustavo.
A equipe ficou sabendo do corte ao mesmo tempo que Ricardinho, em uma reunião de cerca de 30 minutos.
O levantador ouviu as colocações do técnico, que apontou seu atraso como a gota d'água para o corte, e não quis se manifestar. Simplesmente saiu da sala, segundo relatos dos atletas e da comissão técnica.
Alguns jogadores procuraram o companheiro após sua dispensa. "Era o mínimo que eu poderia fazer. Foi uma situação ruim. Estamos todos chateados. Fomos pegos de surpresa", disse o meio-de-rede Gustavo.
Em entrevista ao "Sportv", Ricardinho afirmou que teria sido punido por defender os interesses do companheiro.
"Tivemos problemas três, quatro dias antes da Liga, coisas que sempre aconteceram durante sete anos, coisas de família, a família Bernardinho, como eu continuo chamando. A comissão técnica fez coisas erradas e, como capitão, eu lutei pelo grupo", afirmou ele.
A Folha tentou falar com Ricardinho, mas ninguém atendeu aos telefonemas. O jogador chegou a Maringá (PR) durante a tarde de ontem.
No Rio, Bernardinho afirmou esperar que o jogador amadureça com esse episódio. Segundo ele, era preciso dar um basta em alguns problemas do grupo, sem revelar quais.
"É um momento de estresse. Eu gostaria de poupá-lo e também poupar a todos nós, queremos evitar uma briga maior ou uma ruptura definitiva. Com esse desgaste, chegou a hora de repensar. Também estou fazendo minha auto-análise e, se eu achar que errei, vou dizer ao grupo, como já fiz várias outras vezes", afirmou o técnico, que disse ter agido como um pai.
"Chamar a atenção de um filho às vezes dói mais no pai. O grupo de alguma maneira está sentindo. Nem tudo são flores numa relação. Eu amo o Ricardinho. Amor é querer bem à pessoa, e eu quero o bem dele. Isso não quer dizer que você tenha que concordar com tudo o que a pessoa diz", continuou Bernardinho. "Espero que ele amadureça com isso."
O treinador falou estar ainda mais preocupado com a estréia no Pan do Rio. Para o lugar de Ricardinho, ele escolheu Bruninho, seu filho e até então terceiro levantador do grupo.
"Não estou nem feliz em disputar meu primeiro Pan. Não queria que fosse dessa forma. Mas é natural que eu seja chamado, não tem nada tem a ver com o fato de eu ser filho do técnico." (MARIANA LAJOLO)


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