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VÔLEI
Em meio a crise, seleção estréia
Time masculino, que pega à noite o Canadá, mostra-se contrariado com corte do levantador titular
"Eu amo o Ricardinho e espero que ele amadureça", diz o treinador Bernardinho, que dispensou atleta após ele se apresentar com atraso
DA ENVIADA AO RIO
A seleção de vôlei começa hoje a busca pelo único título que
falta à era Bernardinho em
meio a uma crise deflagrada
por seu comandante.
Os jogadores mostraram ontem estar contrariados com a
decisão do treinador de cortar
Ricardinho do Pan do Rio.
Hoje, sem ele, estréiam contra o Canadá, às 22h, no ginásio
do Maracanãzinho.
O treino pela manhã foi realizado em meio a um clima silencioso. Após o trabalho, os atletas não escondiam a irritação
ao serem questionados sobre o
corte. "Com ele ou com qualquer outro, teríamos tentado
falar com o Bernardinho, se tivéssemos sabido antes. Mas a
decisão nos pegou de surpresa e
veio do técnico. Temos que acatar", disse o líbero Escadinha.
Pessoas ligadas à seleção dizem que não aconteceram brigas entre os jogadores. Relatam
também que o grupo todo teve
desgaste com a comissão técnica durante a campanha do sétimo título da Liga Mundial.
Os jogadores classificaram os
atritos como "normais". "Não
foi nada diferente do que já havia acontecido", disse Gustavo.
A equipe ficou sabendo do
corte ao mesmo tempo que Ricardinho, em uma reunião de
cerca de 30 minutos.
O levantador ouviu as colocações do técnico, que apontou
seu atraso como a gota d'água
para o corte, e não quis se manifestar. Simplesmente saiu da
sala, segundo relatos dos atletas e da comissão técnica.
Alguns jogadores procuraram o companheiro após sua
dispensa. "Era o mínimo que eu
poderia fazer. Foi uma situação
ruim. Estamos todos chateados. Fomos pegos de surpresa",
disse o meio-de-rede Gustavo.
Em entrevista ao "Sportv",
Ricardinho afirmou que teria
sido punido por defender os interesses do companheiro.
"Tivemos problemas três,
quatro dias antes da Liga, coisas que sempre aconteceram
durante sete anos, coisas de família, a família Bernardinho,
como eu continuo chamando. A
comissão técnica fez coisas erradas e, como capitão, eu lutei
pelo grupo", afirmou ele.
A Folha tentou falar com Ricardinho, mas ninguém atendeu aos telefonemas. O jogador
chegou a Maringá (PR) durante
a tarde de ontem.
No Rio, Bernardinho afirmou esperar que o jogador
amadureça com esse episódio.
Segundo ele, era preciso dar
um basta em alguns problemas
do grupo, sem revelar quais.
"É um momento de estresse.
Eu gostaria de poupá-lo e também poupar a todos nós, queremos evitar uma briga maior ou
uma ruptura definitiva. Com
esse desgaste, chegou a hora de
repensar. Também estou fazendo minha auto-análise e, se
eu achar que errei, vou dizer ao
grupo, como já fiz várias outras
vezes", afirmou o técnico, que
disse ter agido como um pai.
"Chamar a atenção de um filho às vezes dói mais no pai. O
grupo de alguma maneira está
sentindo. Nem tudo são flores
numa relação. Eu amo o Ricardinho. Amor é querer bem à
pessoa, e eu quero o bem dele.
Isso não quer dizer que você tenha que concordar com tudo o
que a pessoa diz", continuou
Bernardinho. "Espero que ele
amadureça com isso."
O treinador falou estar ainda
mais preocupado com a estréia
no Pan do Rio. Para o lugar de
Ricardinho, ele escolheu Bruninho, seu filho e até então terceiro levantador do grupo.
"Não estou nem feliz em disputar meu primeiro Pan. Não
queria que fosse dessa forma.
Mas é natural que eu seja chamado, não tem nada tem a ver
com o fato de eu ser filho do
técnico."
(MARIANA LAJOLO)
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