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Empresário usa o Fla para cobrar em peneiras
Orley Vital se apresentava como olheiro do clube, que nega relação com ele, e pedia R$ 30 por candidatos em testes no interior de SP
LUCAS REIS
DA FOLHA RIBEIRÃO
Um empresário de São José
do Rio Preto realizou duas peneiras de futebol em Bonfim
Paulista, distrito de Ribeirão
Preto (a 319 quilômetros de São
Paulo), usando indevidamente
o nome do Flamengo e cobrando R$ 30 de cada candidato.
Mais: pediu R$ 15 mil de um
rapaz de 18 anos "aprovado" na
peneira para colocá-lo em uma
equipe do interior paulista.
Orley Vital, dono da O/V
Sports e Marketing, esteve nos
dois últimos sábados em Bonfim, afirmando que realizaria
testes para o Flamengo.
Quase 350 garotos, com idades entre 12 a 22 anos, pagaram
para participar das peneiras.
Segundo a Time Marketing
Esportivo, empresa responsável pelas escolinhas de futebol e
pelas peneiras do Flamengo, o
empresário usou indevidamente o nome do clube carioca.
"Toda peneira que o Flamengo faz precisa passar por mim, e
não houve peneiras no interior
paulista", disse José Martins
Rodrigues Neto, diretor da Time, que pretende acionar Vital
judicialmente. "O certo é que
ele devolva os R$ 30 para cada
garoto que foi enganado."
A reportagem teve acesso a
dois documentos em que Vital
afirma representar o Flamengo. Ele até anunciou a peneira
em rádios de Ribeirão Preto.
Outro documento, assinado
por Milton Barbosa, diretor
executivo da União Cascavel
S/A, de Cascavel (PR), autoriza
a empresa de Vital a realizar
testes em Ribeirão Preto, Marília, Balsas e São Carlos. "O Milton Barbosa tem autorização
para manter escolinha em Cascavel, mas não para fazer peneiras", disse Rodrigues Neto.
Vital responde a uma ação
por estelionato em Araçatuba.
Foi processado por três garotos, de quem teria cobrado
R$ 2.000 com a promessa de levá-los a times pequenos do Paraná e do interior paulista.
"Ele [Vital] disse que meu filho ficaria um mês em Rio Preto, mas teria de pagar R$ 1.500.
Pagamos. Em menos de uma
semana, ele ligou novamente,
dizendo que tinha uma vaga no
Oeste [time de Itápolis], mas
que teríamos de pagar R$ 15
mil", disse Neide Teixeira Aida,
mãe de Nelson Aida Júnior.
O presidente do Oeste, Ernesto Garcia, afirmou que já recebeu jogadores de Vital, mas
que nenhum atleta foi negociado nas últimas semanas.
A reportagem tentou ouvir
Vital, mas ele disse que consultaria advogados antes de se
pronunciar. Barbosa, do União
Cascavel, não foi localizado.
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