São Paulo, Sexta-feira, 23 de Julho de 1999
Próximo Texto | Índice

FUTEBOL
Estado, com participação recorde na década de 90, tem média de torcida inferior ao índice geral
SP ameaça público do Brasileiro-99

da Reportagem Local

O recorde que o futebol paulista irá bater no Campeonato Brasileiro -que começa amanhã, com Palmeiras x Juventude- ameaça interromper o crescimento do público no torneio.
Nunca nesta década o Estado, que registra médias de torcedores inferiores aos índices gerais do torneio, teve uma participação tão grande na competição.
Dos 22 clubes que irão disputar o título, 8 são de São Paulo (Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Santos, Lusa, Guarani, Botafogo e Ponte Preta), o que corresponde a 36% dos times participantes.
Essa porcentagem somente é inferior à de 1990, quando a participação correspondia a 40% do total (8 de 20 clubes).
No ano passado, os times de São Paulo representaram 33% dos competidores do Brasileiro.
O reflexo dessa presença maciça será notada, negativamente, nas bilheterias. Nas últimas três edições do Brasileiro, o público médio nos jogos disputados em São Paulo foram inferiores à média geral da competição (confira no quadro ao lado).
Mesmo no ano passado, quando o Corinthians (o clube mais popular de São Paulo) foi campeão, a média de público no Estado ficou abaixo da média geral -13.165 pagantes/jogo, contra 13.989. Se não levar em conta os jogos dos corintianos, a média de público dos paulistas em casa despenca para 10.091.
Em contrapartida, os paulistas são responsáveis pelas melhores performances técnicas na década -conquistaram metade dos títulos disputados, têm um aproveitamento de pontos superior e uma maior média de gols.
Para Alberto Dualib, presidente do Corinthians, o sucesso dos clubes paulistas deve-se, em grande parte, ao poderio financeiro.
""As empresas interessadas em investir no futebol começam por São Paulo, porque é aqui que está o dinheiro. Foi o caso do Corinthians com o HMTF", disse o dirigente, referindo-se ao fundo de investimentos norte-americano que assumiu o departamento de futebol do clube paulista.
Com a concentração de clubes em São Paulo, os clubes do Estado terão um custo menor para a disputa da competição, já que gastarão menos com passagens de avião e hospedagem.
Na primeira fase, os paulistas irão jogar em média sete vezes fora do Estado. Os outros clubes, até 11 vezes fora de seus domicílios.
Enquanto isso, outras regiões do país têm sua participação diminuída. Em 1991, o Nordeste tinha 4 dos 20 times no torneio (20%). Neste ano, apenas 2 dos 22 (9%). A região Norte não tem representante desde 95, quando o Paysandu foi rebaixado.
O Centro-Oeste manteve sua representação. O Goiás foi rebaixado em 98, mas o Gama subiu para a primeira divisão. (AGz, JCA e PC)


Próximo Texto: Regra pode diminuir a hegemonia
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.