São Paulo, Sexta-feira, 23 de Julho de 1999
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FUTEBOL
Entidade de atletas vai entrar na Justiça para tirar passe de atacante da negociação com a prefeitura
Sindicato age contra "penhora" da Lusa

FERNANDO MELLO
da Reportagem Local

O Sindicato dos Atletas Profissionais do Estado de São Paulo vai entrar na Justiça para que o passe do atacante Marcelo Borges, que pertence à Lusa, seja retirado do acordo que a Prefeitura de São Paulo fez com o time do Canindé.
A Lusa negociou com o município uma dívida de ISS (Imposto sobre Serviços) no valor de R$ 338.236,52. Como garantia do pagamento do débito, a prefeitura incluiu o passe do jogador e um dos tobogãs do complexo aquático do clube.
O presidente da entidade, Rinaldo Martorelli, entende que a inclusão do passe do jogador irá inibir clubes que possam estar interessados em contratar Borges.
O atacante, que rescindiu contrato de empréstimo com o Paysandu, do Pará, há duas semanas, está atualmente sem equipe para jogar.
"O Marcelo tem toda a razão de estar magoado com a Lusa. Quem vai querer contratar um jogador que esteja em uma pendência judicial. Todos os times ficarão receosos", disse Martorelli.
A entidade vai pedir que um outro bem seja incluído no negócio ou que o passe, em caso de venda do jogador, sirva automaticamente para saldar a dívida.
O acordo firmado entre a Lusa e a prefeitura não impede que Borges seja negociado.
Para o presidente do sindicato, "o jogador está sendo penalizado". "Vamos tentar mudar o acordo porque entendemos que o que foi acertado não é viável. Vamos demonstrar que esse tipo de atrelamento não é possível. Embora o passe seja um patrimônio do clube, não se pode vincular um ser humano ao acordo", afirmou Martorelli.
O atacante, que ficou sabendo da inclusão de seu passe no negócio pela reportagem da Folha, viaja hoje a São Paulo para conversar com os dirigentes da equipe.
"Estou muito magoado. Já estou sem clube para jogar. Quem vai querer contratar um atleta com esse problema? Não fui consultado sobre o negócio. Isso me desvalorizou muito", disse Borges, que está em Guapó (a 27 km de Goiânia, em Goiás).
O presidente da Lusa, Amílcar Casado, afirmou que não informou o jogador porque "ele não foi prejudicado em nada".
Casado reiterou que pretende saldar a dívida sem disponibilizar o passe do atacante. Se a Lusa deixar de pagar uma parcela da dívida, o acordo será quebrado, e o passe do jogador irá a leilão para que, com o valor arrecadado, a dívida seja saldada.
"Temos US$ 8 milhões a receber do Vasco (dívida referente ao caso Dêner) e do PSG, da França, (débito referente à venda do zagueiro César) e não atrasaremos o pagamento das parcelas."



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