São Paulo, sexta-feira, 23 de agosto de 2002

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Jogador já acertou contrato com o São Paulo, mas ainda não foi liberado

Ricardinho não quer mais o Corinthians

MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Agora é público: o meia Ricardinho não quer mais jogar no Corinthians. Ele optou por vestir a camisa do São Paulo.
A afirmação, endossada pelo procurador do atleta, Rubens Pozzi, foi feita por Alberto Dualib, presidente corintiano, após uma reunião com o representante do meia, quase pondo fim à novela que se arrasta há dois meses.
O impasse que ainda se mantém é quem vai arcar com o ônus da transferência. Nem o Corinthians nem o jogador admitem que vão dar o primeiro passo para que o negócio se concretize.
A preocupação de ambos é jurídica: o clube quer que Ricardinho seja o devedor do rompimento de contrato; o meia quer que a saída não lhe cause dívidas.
Para se calçarem, o "jogo do empurra" continua. O Corinthians cobra um pronunciamento público do meia, que, apesar da iminência da sua apresentação no Morumbi, se nega a fazê-lo -em seu site, afirmou que aguardará o fim das negociações.
Para não serem "coniventes" com a saída do jogador, os corintianos não telefonaram para o presidente do São Paulo, Marcelo Portugal Gouvêa, durante a reunião com Pozzi, que queria fechar ontem o acordo entre os clubes.
"O procurador dele nos informou que seu interesse é mesmo jogar no São Paulo. Temos até segunda para resolver. A partir do momento em que ele quer jogar em outro clube, ele tem o dever moral de expor isso publicamente. Nunca quisemos negociá-lo. Ele tem mais dois anos de contrato. Não tínhamos que ligar para ninguém", disse Antonio Roque Citadini, vice corintiano.
Sem acordo, o Corinthians não deu o atestado liberatório ao meia. ""Não recebemos proposta do São Paulo. Não conversamos sobre nada", afirmou o dirigente.
Apesar da negativa do clube em negociá-lo, os dirigentes não acreditam que o fim da negociação acabará na Justiça. Isso pelo fato de que Eduardo José Farah, presidente da FPF, estaria por trás de um acordo entre os clubes.
"O Leco [Carlos Augusto Barros e Silva, diretor de futebol do São Paulo] mesmo já disse que o Farah está ajudando", disse o vice do Corinthians, referindo-se à declaração do são-paulino ao site da "Gazeta Esportiva": "Ele [Farah] tem nos ajudado bastante".
A diretoria do Corinthians espera a garantia de que irá receber R$ 6 milhões e uma porcentagem da próxima negociação do atleta.
Antes, com a desistência do Cruzeiro em levar o meia, o clube ainda tentou segurar o atleta para a disputa da Taça Libertadores-2003. Segundo Citadini, foram oferecidos 40% dos direitos e a redução do contrato a Pozzi, que não aceitou e, ao deixar o Parque São Jorge, foi perseguido por membros da Gaviões da Fiel.
O grupo de 15 torcedores, encabeçado pelo diretor administrativo da organizada, Wellington Rocha, atirou moedas no carro que levava Pozzi. "É para ajudá-lo no próximo contrato", disse Rocha.
A perseguição, envolvendo quatro carros de torcedores, durou pouco. Um ""esquema de fuga" fora previamente montado. O motorista de Ricardinho aguardava o procurador no carro do jogador numa rua perto do clube.
Em seguida, os membros da Gaviões conversaram com Dualib.
"O Ricardinho estava quase se transformando num Sócrates ou num Wladimir, mas resolveu colocar o dinheiro à frente de tudo", afirmou o torcedor.


Com Maércio Santamarina e Paulo Cobos, da Reportagem Local



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