São Paulo, quarta-feira, 23 de agosto de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Parceria?

Carta de Kia racha mais o Corinthians

Presidente da MSI escreve em tom de despedida a atletas e se revolta com Leão por acreditar que ele vetou mensagem

Técnico nega proibição e diz que documento só não foi lido antes do jogo com o Botafogo por decisão de Betão, o capitão da equipe


EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

Uma carta enviada por Kia Joorabchian aos jogadores do Corinthians, que hoje, às 22h, enfrenta o Juventude, intensificou ainda mais a crise na parceria, abalada pelo saída repentina do atacante Carlitos Tevez.
Segundo a Folha apurou, o presidente da MSI está revoltado com Leão por acreditar que ele vetou seu conteúdo ao grupo. O Corinthians nega a proibição e argumenta que o documento é um sinal da saída do executivo iraniano da parceria.
A carta foi enviada por fax e entregue ao treinador corintiano no vestiário do Pacaembu, pouco antes de os atletas iniciarem o aquecimento para o jogo com o Botafogo, domingo.
No texto, Kia, que está em Londres, agradece a solidariedade dos corintianos a ele por causa da morte de seu pai. "Ele não era apenas um fã de vocês, mas sim um crente. Ele acreditava em nós como um time", diz um dos trechos da carta, a qual a Folha teve acesso.
No final da mensagem, o iraniano diz que estará sempre a "um telefonema de distância". "Sempre tentei fazer tudo o que eu pude e cumprir tudo o que prometi", afirma.
Segundo pessoas que estavam nos vestiários, Leão leu o documento e, em seguida, o passou para o zagueiro Betão, capitão do time, com a ressalva de que ele faria um resumo aos atletas pois não haveria tempo de lê-lo na íntegra.
Betão, de fato, não fez a leitura da carta, composta por só quatro parágrafos. Mas, por meio da assessoria de imprensa corintiana, afirmou que foi ele, e não Leão, quem optou por não lê-la integralmente. O treinador também negou que tenha vetado a leitura.
Ao saber que sua mensagem não havia sido lida, Kia enviou uma cópia dela para cada jogador. Entre os dirigentes corintianos que também tiveram acesso à carta, incluindo o presidente Alberto Dualib, a sensação é a de que Kia não comandará mais a parceria.
O iraniano, que está há mais de três meses fora do país, está irritado com o fato de os corintianos se aproveitarem do momento emocional difícil que atravessa para atacá-lo. Segundo a Folha apurou, ele não tem a intenção de deixar a parceria.
Nesse período de ausência, Dualib tem dito a aliados que retomou a administração do futebol e que Kia será substituído. Mostra de poder, segundo ele, foi a contratação de Emerson Leão. Kia era contrário à vinda do treinador.
Tentou Carlos Alberto Parreira para o lugar de Geninho, mas este recusou sob a alegação de que queria passar mais tempo com a família e não voltaria a trabalhar neste ano.
O iraniano, então, teve de engolir Leão, com quem não tem um bom relacionamento. O técnico ficou irritado por ter sido rejeitado pelo iraniano no ano passado. Deu o troco quando Antônio Lopes ainda estava no comando corintiano ao dizer que havia sido procurado pela parceira corintiana.
Desde que chegou ao Parque São Jorge, Leão tem se comportado como um "homem de Dualib". Sempre que tem oportunidade, diz que foi contratado pelo Corinthians e que ainda não conversou com Kia.
Leão também tem evitado o diretor da MSI Paulo Angioni. Ontem, antes do embarque para Caxias do Sul, o treinador por várias vezes repetiu que Angioni não tem sido visto no clube - por isso, segundo ele, não o avisou sobre Tevez.
A autonomia de Leão, dada por Dualib, também é questionada pela MSI, que, por contrato, tem o controle do futebol.


Texto Anterior: O que ver na TV
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.