São Paulo, sábado, 23 de setembro de 2006

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crise

Cala-boca faz Tite se demitir do Palmeiras

Bronca de diretor de futebol motiva técnico a sair às vésperas de clássico

Vice do clube convence o técnico ficar até o clássico de amanhã, mas já sabe que será difícil mantê-lo caso Palaia permaneça no cargo


RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

Às vésperas de um clássico em que uma derrota pode significar a volta para a zona do rebaixamento, o técnico Tite pediu demissão do Palmeiras.
Tomou essa atitude por causa das declarações do diretor de futebol Salvador Hugo Palaia, após a derrota para o Santa Cruz, anteontem, em Recife.
Ao mandar o treinador calar a boca e parar de reclamar dos árbitros, Palaia causou indignação em todos os setores do clube, da comissão técnica ao presidente Affonso della Monica.
Ainda em Recife, Tite pediu demissão. Pelo telefone, o vice José Cyrillo Júnior tentou contornar a situação: pediu que ele ficasse até o clássico com o São Paulo, amanhã. Não adiantou.
"O Palaia sabe o que é melhor para o Palmeiras. Existem profissionais capacitados para assumir a equipe", disse o treinador ao chegar em São Paulo.
Em seguida, Tite se recusou a entrar no ônibus do time e foi hostilizado pela torcida, que o chamou de covarde. Marcelo Vilar, técnico do time B, assumirá a equipe no clássico. Segundo Palaia, a presidência do clube iria decidir sua interinidade ou efetivação talvez hoje.
Já pela manhã, a avaliação no clube era a de que Tite e Palaia não mais conseguiriam trabalhar juntos. Della Monica era contra a saída do técnico, que afastou o time da zona de rebaixamento, mas também tinha restrições em afastar o diretor, pois temia perder o apoio de conselheiros ligados a Palaia nas eleições de janeiro.
Até o presidente do Palmeiras se mostrou irritado com seu diretor, que, antes do episódio, contava com carta-branca para comandar o futebol. A Folha apurou que o dirigente não descarta também pedir demissão. Mas só tomará uma decisão após o jogo de amanhã em Presidente Prudente.
Ontem, o diretor parecia não se incomodar em causar tumulto às vésperas do clássico.
Antes de embarcar para São Paulo, Palaia disse não se arrepender de ter mandado Tite calar a boca e foi além. Voltou a se queixar do técnico.
O dirigente criticou também o trabalho do treinador na derrota para o Santa Cruz. Disse que o time "estava em campo completamente desorientado". "Realmente, faltou alguma coisa", afirmou.
Em seguida, deu outra alfinetada em Tite. "Eu contrato o técnico para dirigir o time. Mas a gente não é bobo, a gente acompanha o futebol e entende um pouquinho, vê onde está o erro", completou o dirigente.


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