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crise
Cala-boca faz Tite se demitir do Palmeiras
Bronca de diretor de futebol motiva técnico a sair às vésperas de clássico
Vice do clube convence o técnico ficar até o clássico de amanhã, mas já sabe que será difícil mantê-lo caso Palaia permaneça no cargo
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE
Às vésperas de um clássico
em que uma derrota pode significar a volta para a zona do rebaixamento, o técnico Tite pediu demissão do Palmeiras.
Tomou essa atitude por causa das declarações do diretor de
futebol Salvador Hugo Palaia,
após a derrota para o Santa
Cruz, anteontem, em Recife.
Ao mandar o treinador calar
a boca e parar de reclamar dos
árbitros, Palaia causou indignação em todos os setores do clube, da comissão técnica ao presidente Affonso della Monica.
Ainda em Recife, Tite pediu
demissão. Pelo telefone, o vice
José Cyrillo Júnior tentou contornar a situação: pediu que ele
ficasse até o clássico com o São
Paulo, amanhã. Não adiantou.
"O Palaia sabe o que é melhor
para o Palmeiras. Existem profissionais capacitados para assumir a equipe", disse o treinador ao chegar em São Paulo.
Em seguida, Tite se recusou a
entrar no ônibus do time e foi
hostilizado pela torcida, que o
chamou de covarde. Marcelo
Vilar, técnico do time B, assumirá a equipe no clássico. Segundo Palaia, a presidência do
clube iria decidir sua interinidade ou efetivação talvez hoje.
Já pela manhã, a avaliação no
clube era a de que Tite e Palaia
não mais conseguiriam trabalhar juntos. Della Monica era
contra a saída do técnico, que
afastou o time da zona de rebaixamento, mas também tinha
restrições em afastar o diretor,
pois temia perder o apoio de
conselheiros ligados a Palaia
nas eleições de janeiro.
Até o presidente do Palmeiras se mostrou irritado com seu
diretor, que, antes do episódio,
contava com carta-branca para
comandar o futebol. A Folha
apurou que o dirigente não
descarta também pedir demissão. Mas só tomará uma decisão após o jogo de amanhã em
Presidente Prudente.
Ontem, o diretor parecia não
se incomodar em causar tumulto às vésperas do clássico.
Antes de embarcar para São
Paulo, Palaia disse não se arrepender de ter mandado Tite calar a boca e foi além. Voltou a se
queixar do técnico.
O dirigente criticou também
o trabalho do treinador na derrota para o Santa Cruz. Disse
que o time "estava em campo
completamente desorientado".
"Realmente, faltou alguma coisa", afirmou.
Em seguida, deu outra alfinetada em Tite. "Eu contrato o
técnico para dirigir o time. Mas
a gente não é bobo, a gente
acompanha o futebol e entende
um pouquinho, vê onde está o
erro", completou o dirigente.
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