São Paulo, sábado, 23 de setembro de 2006

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RODRIGO BUENO

Para inglês ver

Esperadas revelações da BBC apenas esbarram em peixes pequenos e poupam grandes magnatas e as "lavanderias"

UMA EXPECTATIVA enorme foi criada em torno das revelações da BBC sobre negociatas do futebol inglês. No entanto "Segredos Sujos do Futebol" decepcionou. Pelo barulho criado e pelo resultado, deixou a desejar.
Nada de nomes de ponta, como José Mourinho ( 13 milhões por temporada) ou Alex Ferguson (quase 20 anos à frente do bilionário Manchester United). Nada de muito novo ou esclarecedor sobre relação comercial e complicada de alguns técnicos com empresários.
A esperada reportagem da BBC foi ao ar na terça, basicamente colocando na berlinda o técnico do Bolton, Sam Allardyce. Mas uma matéria na quinta do jornal "The Times" parece mais reveladora.
Mais de cem transferências realizadas entre 1º de janeiro de 2004 e 31 de janeiro deste ano são suspeitas e deverão passar agora por uma investigação mais detalhada.
Sem desmerecer o trabalho da BBC, a ausência de provas conclusivas vai gerar uma onda de processos na Inglaterra. Além de Allardyce, Kevin Bond, auxiliar técnico do Portsmouth, o agente Teni Yerima e talvez o Liverpool entrarão com ações na esteira do programa.
A questão aqui não é defender Allardyce, se é que ele tem culpa mesmo (o Bolton é um time médio que se acostumou a contratar atletas veteranos, e seu atual treinador teria aceitado propina de três empresários em algumas transações de jogadores). O problema é praticamente ignorar a dinheirama que tomou conta do futebol britânico, uma vez que o Reino Unido acolhe magnatas procurados pela Justiça de outros países e assiste a uma disputa maluca pelo controle acionários de seus clubes, pequenos ou grandes. Dinheiro americano, árabe, israelense, russo, whatever.
A federação inglesa já iniciou o que diz ser uma ""investigação completa" sobre a corrupção no futebol mais tradicional do planeta. Porém os nomes que serão ouvidos são os já citados na coluna, além de Harry Redknapp, técnico do líder Portsmouth, e os agentes Peter Harrison, Charles Collymore e Craig Allardyce (o último é filho de Sam e teria ""lucrado secretamente" nas negociações de Ben Haim, Nakata e Al Habsi). Esse cenário não é muito diferente do que vemos no Brasil, onde há caso de treinador "chapinha" de empresários e de clube-satélite e caso de agente que é filho de ex-membro da comissão técnica da seleção.
Há algo muito podre no reino. O presidente do Blackpool (nome sugestivo), da segunda divisão, admitiu, por exemplo, ter recebido ofertas de comissões para facilitar venda de atletas. Na segunda, o Bolton, com Allardyce, pega o Portsmouth, com Redknapp, no último jogo do empresário sérvio Milan Mandaric, que deixará o cargo de ""dono" do surpreendente líder do Inglês -assume o empresário francês Alexandre Gaydamak. Negócios...

PARA ALEMÃO VER
Baixarias racistas e xenofóbicas tomam conta da Alemanha e da Polônia. Pelos insultos de sua torcida ao brasileiro Kahê, o Aachen deve pagar só 75 mil (nada de perda de pontos ou de mando de campo), mas mais que o Hansa Rostock pagou pelas manifestações racistas contra Asamoah ( 20 mil).

PARA FRANCÊS VER
Os clubes franceses, grandes e pequenos, estavam ávidos pela possibilidade de colocar ações na Bolsa. Agora, ganharam aval para isso e podem seguir o exemplo de tantos times ingleses e italianos que quebraram a cara no mercado.

PARA MEXICANO VER
O México se coloca de prontidão para receber a Copa de 2010 ou a de 2014. O país já herdou a Copa de 1986 da Colômbia. Agora, chega.


rbueno@folhasp.com.br

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