São Paulo, domingo, 23 de setembro de 2007

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JUCA KFOURI

E caem os cartolas


Caíram o presidente da Federação Paulista, da Mineira, o do Flamengo e o do Corinthians. Mas é pouco


CAI O REI de Espadas, cai o rei de Ouros, cai o rei de Paus, cai, não fica nada.
Como no sucesso de Ivan Lins, caem os cartolas, muito mais por obra e graça da nova legislação esportiva e da lei comum do que, como seria desejável, pela mobilização das torcidas.
Tanto que a que mais se mobilizou e levou quase 50 mil pessoas ao centro de Salvador, a do Bahia, até agora não conseguiu derrubar os que a infelicitam.
Mas não é pouco constatar que nesta primeira década do novo milênio já tiveram que abandonar seus postos dois presidentes de federações de ponta como a paulista e a mineira e dois presidentes dos dois clubes mais populares do país, o Flamengo e o Corinthians.
Nem por isso, no entanto, as coisas mudaram por causa das três primeiras quedas.
Delas para cá, tivemos mais do mesmo, talvez com mais cuidado, quem sabe com menos corrupção, tudo porque, mal ou bem, os mecanismos de fiscalização melhoraram substancialmente.
Mas basta verificar o dossiê da Polícia Federal sobre a parceria Corinthians/MSI para ver como velhos meliantes ainda mantinham relações íntimas com a Federação Paulista de Futebol.
E é por isso que o momento político do Corinthians requer muita vigilância e atenção.
Nada justifica que ninguém que tenha aprovado a parceria seja candidato a cargos de direção.
Porque todos já tinham cansado de ler sobre os personagens que vinham da Rússia.
Se foram ingênuos, que tenham a grandeza de, como autocrítica, se afastarem do processo sucessório, única maneira de purgar o crime que ajudaram a cometer contra uma instituição centenária.
Se um novo Corinthians pode nascer à custa de depuração tão sofrida, o mínimo que se espera dos verdadeiros corintianos é uma postura de não conviver, pelo menos imediatamente, com aqueles que foram cúmplices de tão desgraçada aventura ao lado da máfia russa.
Foram apenas 16 os conselheiros que votaram contra a parceria e é entre eles que se deve buscar alguém para fazer a transição e a aprovação de um novo estatuto que impeça a reprodução de vícios tão arraigados que ou são radicalmente extirpados ou voltarão feito ervas daninhas.
Quando aqui se propôs medidas punitivas também no âmbito esportivo para quem se valeu de dinheiro sujo para competir de maneira desleal, a gritaria foi enorme.
Mas o objetivo, atingido.
Porque já se encaminha uma proposta para fazer constar das leis do esporte as penas para quem se vale de tais expedientes.
Que, diga-se, não são e nem nunca foram exclusivos do Corinthians, basta olhar para o passado recente de Flamengo, Grêmio, Palmeiras, ou, outra face da mesma moeda, nas transações nebulosas de São Paulo, Santos, Vasco et caterva, para não falar da CBF, alvo de duas CPIs, vários indiciamentos, a mesma, como o Clube dos 13, que não tugiu nem mugiu diante da MSI, ao contrário, a abençoou.
Corintiano de verdade não teme sangrar a própria carne, desde que seja para retomar sua bela história.

blogdojuca@uol.com.br

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