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Na web, times valem um Manchester
Somadas, audiências diárias das páginas oficiais de 29 equipes nacionais equivalem à visitação do site do clube inglês
Gestão da marca dos clubes brasileiros na internet ainda engatinha e ignora exército de torcedores que eles possuem no mundo off-line
ALEC DUARTE
DA REPORTAGEM LOCAL
A atração que os clubes brasileiros exercem on-line está
muito longe do apelo popular
que demonstram no mundo
off-line. Juntas, 29 equipes do
Brasil reúnem por dia em seus
sites oficiais na web a mesma
quantidade de internautas que
um único clube internacional, o
Manchester United, aglutina.
Levantamento inédito da
Folha nos principais times do
Brasil mostra omissão e descaso na administração comercial
e da imagem das agremiações.
Enquanto isso, a equipe inglesa
já tira cerca de 20% de seu faturamento anual de transações
na web, como venda de ingressos e produtos licenciados.
Os principais times brasileiros têm, segundo o Datafolha,
um contingente superior a 100
milhões de torcedores. Estimativa do Ibope que leva em conta
apenas o acesso residencial
mostra que 31% da população
brasileira (que beira os 200 milhões) ingressa regularmente
na internet. Cruzados, os dados
evidenciam que há um exército
que pouco ou nada se interessa
pelas informações de seu clube
-ao mesmo tempo em que sinaliza ineficiência no diálogo e
comunicação com os fãs.
E menos gente no site significa menor mercado consumidor
de serviços e produtos -outro
aspecto em que os clubes nacionais estão engatinhando.
Há quem nem mesmo tenha
mercadoria para vender (caso
do Náutico, que teve problemas
com o fornecedor de camisas,
disparado o item mais procurado pelos brasileiros que acessam as lojas oficiais on-line das
equipes de futebol). Outros, como o Palmeiras, só há pouco
tempo passaram a gerir suas
transações na web -o e-commerce em geral movimentou
no país, só no primeiro trimestre deste ano, R$ 2,3 bilhões.
O São Paulo simboliza o descuido dos times de futebol na
administração de seus negócios
na internet. Tido como exemplo de gestão moderna, o clube
admite que, hoje, sua página
oficial é defasada e atende apenas à imprensa especializada.
Não por acaso, o São Paulo é
uma das equipes que planejam
reformular completamente sua
presença on-line. Outros três
clubes também declararam que
pretendem modificar sua estratégia na rede (Atlético-MG,
Sport e Vasco da Gama).
Foi o que fez, em julho, o Palmeiras. O clube chegou a ter, no
mês passado, o site de time
mais acessado do país enquanto negociava a contratação do
atacante Vagner Love.
Dono de um site top de acessos, o Inter monetiza sua atuação on-line e espera arrecadar,
só com a sua loja oficial, R$ 700
mil em 2009, ou 10% do movimento total, já que o clube recebe apenas royalties. O sistema é
usado por quase todos os clubes -duas lojas cuidam dos negócios de uma dezena deles.
O Grêmio é uma exceção nesse cenário: possui loja própria,
com faturamento declarado de
R$ 2 milhões por mês.
Além da pequena atenção às
vendas on-line, os clubes também fracassam no aspecto de
diálogo e conversação com seus
torcedores. O caso do Vasco é
emblemático: um site de torcida do clube é mais acessado que
a própria página oficial. Mesmo
assim, não há promoção cruzada entre ambos, o que ajudaria
a aumentar sensivelmente a
audiência da página com a
chancela do clube carioca.
Pior ainda faz o Santa Cruz,
que não tem site oficial e deu
aval a um grupo de torcedores
para se apresentar como tal. O
site Coralnet, que não é administrado pela equipe pernambucana, está entre os mais acessados do país. Uma chance institucional desperdiçada.
Colaboraram a Agência Folha, a Reportagem
Local e a Sucursal do Rio
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