São Paulo, quarta-feira, 23 de setembro de 2009

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Na web, times valem um Manchester

Somadas, audiências diárias das páginas oficiais de 29 equipes nacionais equivalem à visitação do site do clube inglês

Gestão da marca dos clubes brasileiros na internet ainda engatinha e ignora exército de torcedores que eles possuem no mundo off-line

ALEC DUARTE
DA REPORTAGEM LOCAL

A atração que os clubes brasileiros exercem on-line está muito longe do apelo popular que demonstram no mundo off-line. Juntas, 29 equipes do Brasil reúnem por dia em seus sites oficiais na web a mesma quantidade de internautas que um único clube internacional, o Manchester United, aglutina.
Levantamento inédito da Folha nos principais times do Brasil mostra omissão e descaso na administração comercial e da imagem das agremiações. Enquanto isso, a equipe inglesa já tira cerca de 20% de seu faturamento anual de transações na web, como venda de ingressos e produtos licenciados.
Os principais times brasileiros têm, segundo o Datafolha, um contingente superior a 100 milhões de torcedores. Estimativa do Ibope que leva em conta apenas o acesso residencial mostra que 31% da população brasileira (que beira os 200 milhões) ingressa regularmente na internet. Cruzados, os dados evidenciam que há um exército que pouco ou nada se interessa pelas informações de seu clube -ao mesmo tempo em que sinaliza ineficiência no diálogo e comunicação com os fãs.
E menos gente no site significa menor mercado consumidor de serviços e produtos -outro aspecto em que os clubes nacionais estão engatinhando.
Há quem nem mesmo tenha mercadoria para vender (caso do Náutico, que teve problemas com o fornecedor de camisas, disparado o item mais procurado pelos brasileiros que acessam as lojas oficiais on-line das equipes de futebol). Outros, como o Palmeiras, só há pouco tempo passaram a gerir suas transações na web -o e-commerce em geral movimentou no país, só no primeiro trimestre deste ano, R$ 2,3 bilhões.
O São Paulo simboliza o descuido dos times de futebol na administração de seus negócios na internet. Tido como exemplo de gestão moderna, o clube admite que, hoje, sua página oficial é defasada e atende apenas à imprensa especializada.
Não por acaso, o São Paulo é uma das equipes que planejam reformular completamente sua presença on-line. Outros três clubes também declararam que pretendem modificar sua estratégia na rede (Atlético-MG, Sport e Vasco da Gama).
Foi o que fez, em julho, o Palmeiras. O clube chegou a ter, no mês passado, o site de time mais acessado do país enquanto negociava a contratação do atacante Vagner Love.
Dono de um site top de acessos, o Inter monetiza sua atuação on-line e espera arrecadar, só com a sua loja oficial, R$ 700 mil em 2009, ou 10% do movimento total, já que o clube recebe apenas royalties. O sistema é usado por quase todos os clubes -duas lojas cuidam dos negócios de uma dezena deles.
O Grêmio é uma exceção nesse cenário: possui loja própria, com faturamento declarado de R$ 2 milhões por mês.
Além da pequena atenção às vendas on-line, os clubes também fracassam no aspecto de diálogo e conversação com seus torcedores. O caso do Vasco é emblemático: um site de torcida do clube é mais acessado que a própria página oficial. Mesmo assim, não há promoção cruzada entre ambos, o que ajudaria a aumentar sensivelmente a audiência da página com a chancela do clube carioca.
Pior ainda faz o Santa Cruz, que não tem site oficial e deu aval a um grupo de torcedores para se apresentar como tal. O site Coralnet, que não é administrado pela equipe pernambucana, está entre os mais acessados do país. Uma chance institucional desperdiçada.


Colaboraram a Agência Folha, a Reportagem Local e a Sucursal do Rio


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