São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 2002

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DOPING

Governo terá agora um papel ativo no combate a substâncias proibidas

Brasil cria sua própria agência antidoping

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

O esporte brasileiro conta a partir de agora com a Comissão Nacional Antidoping, que atuará de acordo com as regras da Wada (agência mundial antidoping).
Esse foi o resultado de reunião do CNE (Conselho Nacional do Esporte), formado pelo ministro do Esporte e Turismo, Caio de Carvalho, atletas, dirigentes e parlamentares, que aprovou a criação da agência, de forma unânime, ontem à tarde, em Brasília.
Um dos pontos que regularão a comissão é o que prevê a participação ativa do governo, representado pelo Ministério da Saúde, pelo Ministério da Justiça e pela Secretaria Nacional Antidrogas.
"É a primeira vez que o Brasil tem uma agência nacional antidoping, que é a ferramenta para o CNE combater esse problema. Sua existência seria impossível sem a ligação com o governo", diz Eduardo de Rose, 60, membro do conselho principal da Wada e que integrará a CNA. "Os integrantes serão indicados em nova reunião, provavelmente em dezembro."
O CNE foi criado com o objetivo de promover a melhoria do padrão de organização, gestão, qualidade e transparência do desporto. Os conselheiros do CNE, designados pelo presidente FHC, tomaram posse em agosto, dois meses depois que ele assinou a ""MP da moralização do futebol".
Além do governo, também estarão representados na CNA o COB (Comitê Olímpico Brasileiro), a Sociedade Brasileira de Justiça Desportiva, o Ladetec, laboratório do Rio credenciado pelo COI para realizar exames antidoping, e algumas confederações esportivas nacionais, incluindo a CBF.
Foi sugerido ontem que também integrassem a CNA o Comitê Paraolímpico Brasileiro, o Conselho Federal de Educação Física e um representante dos atletas.
A CNA terá leis e regulamentos consistentes com as normas da Wada. A comissão acataria a lista de substâncias e métodos proibidos e restritos proposta por esta.
A entidade está empenhada atualmente em uniformizar internacionalmente seu regulamento.
Com o apoio do Ministério da Saúde, a comissão regularia a importação, venda e distribuição de substâncias proibidas pela legislação nacional e internacional, além da utilização de tecnologia genética com o propósito de melhorar performances dos atletas.
Segundo De Rose, a criação da CNA não tem relação com o fato de neste ano ter ocorrido um crescimento no número de resultados positivos de doping em esportistas brasileiros -foram 11 no total- e o primeiro caso de doping por EPO (eritropoietina) no Brasil. "Os casos foram posteriores à idéia, que surgiu em agosto."
Em 2001, houve somente um caso positivo de doping entre brasileiros, o da meio-fundista Fabiane dos Santos. Em 2000, o único caso foi o do velocista Sanderlei Parrela, que foi inocentado pela Iaaf (Associação Internacional das Federações de Atletismo).


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