São Paulo, sábado, 23 de outubro de 2004

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FUTEBOL

Meia rende mais em quase todos os fundamentos e vira até artilheiro contra o time no qual não conseguiu triunfar

Ricardinho é outro contra o São Paulo

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Ruim com ele, pior contra ele.
Poucos jogadores crescem tanto de produção contra um determinado time como o meia Ricardinho contra o São Paulo, atestam os números do Datafolha.
Diante da equipe do Morumbi, Ricardinho passa mais, desarma mais, finaliza mais, dribla mais, lança mais, cruza mais, é mais acionado, comete menos faltas, dá mais assistências e, algo estranho para ele, faz bem mais gols.
O meia, que hoje está com 28 anos, começou a virar algoz dos são-paulinos quando defendia o Corinthians. Fez gols em quatro jogos oficiais contra o São Paulo pelo time do Parque São Jorge, alguns decisivos, como em semifinal de Brasileiro e de Paulista.
No Santos, anotou importante gol de falta na Vila Belmiro nos acréscimos no primeiro turno do Nacional. Na ocasião, era o primeiro jogo de Ricardinho contra o São Paulo após deixar o time do Morumbi. Ajudou ainda a tirar o rival da Copa Sul-Americana entrando nos minutos finais do primeiro jogo: 1 a 0, gol de Elano.
Sua passagem pelo São Paulo foi negativa. Além de não ganhar títulos de expressão, nunca conseguiu render bem como em outros clubes. Em 62 partidas oficiais com a camisa são-paulina, fez só quatro gols -com metade desses jogos pelo seu atual clube, já balançou as redes sete vezes.
A média de gols por jogo de Ricardinho no Santos já é quase igual à que ele tinha no Corinthians -0,23, contra 0,24 na sua passagem pelo Parque São Jorge.
No São Paulo essa média era de apenas 0,06 gol por jogo, bem diferente da média de gols que ele fez nas partidas com o São Paulo (0,25, um gol a cada quatro jogos).
Ricardinho foi, segundo Marcelo Portugal Gouvêa, a ""última grande contratação" do futebol brasileiro. O jogador, após ser pentacampeão mundial, deixou o Corinthians e foi para o Morumbi. A negociação causou mal-estar entre os clubes -os corintianos aceitaram perder um de seus ídolos por R$ 5 milhões pelo e 20% do valor de uma possível transferência para o exterior.
No São Paulo, Ricardinho teve vultoso salário, que batia em R$ 300 mil. Em quatro anos, lucraria cerca de R$ 16 milhões, mas, após não vingar no clube, rescindiu seu contrato no início deste ano.
Após tentar a sorte no Middlesbrough, o meia foi contratado pelo Santos em maio, o que o colocou em guerra jurídica com o São Paulo. Ao deixar o Morumbi, em janeiro, ele fez um acordo pelo qual seria obrigado a pagar uma multa de R$ 2 milhões ao São Paulo caso voltasse a defender um clube brasileiro antes de 2005.
O São Paulo moveu ação contra o jogador na esfera cível, e Ricardinho tem ação trabalhista contra o ex-time. O caso ainda não foi resolvido definitivamente -decisão inicial favoreceu o clube.
No Brasileiro-2002, Ricardinho fez de pênalti o gol que decretou a vitória de 3 a 2 do São Paulo sobre o Santos de Robinho. Na ocasião, celebrou com muito ardor em cima do escudo do time. Hoje, nem seu pai, são-paulino assumido, diz saber se torce pelo clube.


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