São Paulo, segunda-feira, 23 de outubro de 2006

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JUCA KFOURI

O que não falta é decisão


Ainda há vozes que se levantam contra a fórmula dos pontos corridos. É democrático. E pura teimosia


MAIS UMA rodada de decisões, mais uma rodada de estádios lotados na Série A e na Série B. São os tais pontos corridos, ainda recentes no Brasil e contestados pelo torcedor de poltrona e por quem faz o jogo para estes, a TV.
E pela garotada que imagina que a fórmula seja mera cópia do que se faz no mundo civilizado, porque desconhece que sempre foi assim, também aqui, até os anos 60.
Já a TV, compreensivelmente, quer uma explosão de audiência ao fim do Campeonato Brasileiro, não satisfeita com a boa média a cada rodada. Inegável, porém, que cada vez fica mais difícil dizer que a fórmula dos pontos corridos é sem sal, porque faltam os jogos decisivos.
Ora, o que se viu ontem no estádio Olímpico lotado? E anteontem no Mineirão repleto? E no Morumbi, dias atrás?
Ao contrário, o que não faltam são decisões. Em cima e em baixo.
Agora, imagine isso tudo com ídolos desfilando pelos gramados, grandes craques mostrando sua arte, além de espetáculos de maior qualidade técnica.
É querer demais?
Só para os medíocres, acomodados numa repetição interminável de um chavão falso, meia verdade, sobre a desvantagem do real em relação ao dólar e ao euro.
Imagine, ainda, se as partidas de futebol no Brasil fossem cercadas de cuidados mínimos com a segurança nos estádios, principal argumento para afugentar os chamados torcedores comuns.
E com um pouco de conforto, o mínimo que fosse.
Porque, mesmo sem segurança e conforto, o que se viu no empate entre Grêmio e São Paulo satisfez o torcedor mais exigente.
Um gol-relâmpago de Danilo, para jogar água na fervura gaúcha e encher o são-paulino de confiança no tetracampeonato que virá.
Ao mesmo tempo, um Grêmio que tratou de reagir, de buscar de todas as formas o gol de empate.
Que teimou em não sair, apesar dos chutes de todos os jeitos no primeiro tempo.
Nada, no entanto, que desse direito de reclamar ao dono da casa, porque Souza mandou uma bola no travessão e outra na trave direita do goleiro Galatto.
Um segundo tempo jogado no fio da navalha após o empate obtido por Hugo, logo aos 4min.
Jogo, enfim, que agradou, desde o torcedor que olha mais para a plástica do que para a tática e para o que se liga mais na tática do que na plástica, que, repita-se, não faltou.
O Campeonato Brasileiro está aberto, em termos.
Sim, será necessário chover canivete para que o São Paulo não o conquiste pela quarta vez.
Mas, apesar de o Internacional, novo vice-líder, estar dividido entre o campeonato e o Mundial de Clubes no Japão, às vezes chove canivete sobre os campos de futebol.
Se o São Paulo tivesse vencido o Grêmio, aí, além da chuva de canivetes, seria necessária uma bomba atômica para tirar a quarta taça nacional do clube do Morumbi.
Morumbi que tem de novo um time encorpado e repleto de opções para encarar com segurança os oito jogos que faltam.
E que passou por uma prova de fogo em Porto Alegre, diante do bravo time gremista, revigorado pelos novos ares que tomaram conta do futebol gaúcho.
Enfim, é até possível que o regime dos pontos corridos, que dá vantagem a quem se organiza, seja como a democracia.
Pode não ser o ideal, mas ainda não inventaram nada melhor e é pouco provável que inventem.
E, se faltam segurança, ídolos e conforto, na próxima quarta-feira tem este Corinthians x Palmeiras, no Morumbi.
Quer mais o quê?

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