São Paulo, sábado, 23 de dezembro de 2006

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RODRIGO BUENO

Glória internacional


Épica conquista colorada, inesperada para a coluna, é um prêmio para o clube que tanto tem buscado o exterior


DESCULPEM a modéstia hoje e a imbecilidade de antes, porém achava que o Barcelona iria ganhar sim do Internacional. Confesso esse ""crime" aqui. Nada contra o colorado, que tem feito elogiável trabalho, com destaque para as categorias de base, mas entendia mesmo que o favorito disparado para o título mundial era o clube catalão. Algumas vozes vislumbraram a maior façanha do Inter (algumas só depois do fato), e eu, mesmo sabendo que não se ganha de véspera nem com nome, que o jogo se resolve dentro das quatro linhas, que o futebol é um esporte bacana porque proporciona surpresas e mais um monte de chavões, errei o fim do Mundial. Posso estar sendo duro comigo mesmo, afinal nenhum leitor reclamou das minhas colocações antes e depois do épico 1 a 0 by Adriano Gabiru. No entanto tenho ao meu lado prova clara de que ""esnobei" o Inter.
Paulo Galdieri, colega na Redação e nos futibas da vida, gosta quase tanto quanto eu de futebol internacional. Chega ao ponto de ter simpatia e camisas de Inter de Milão, Bayern e... Barcelona (curto mais clubes que ele e acho que o supero em número de uniformes em casa). Pois bem, Galdieri foi o único com quem tive contato que me cantou a bola da vitória colorada. ""O Inter está com a sorte do São Paulo no ano passado", ele tentou me convencer.
Vendo diferença monstruosa entre Barcelona e Inter ainda agora, não enxergava chances sérias no representante da Conmebol desta vez. Nunca fui de ficar no muro ou de tentar fazer média ao tratar de times brasileiros nesta coluna internacional (nem quando um dia escrever só de futebol nacional ""babarei ovo"). Tive o prazer de dividir com Galdieri matérias neste Mundial. Na minha preferida, mostramos como está cada vez mais difícil para os times sul-americanos, teoricamente, derrotar os campeões europeus. A diferença entre os elencos de um e outro, pelo número de atletas estrangeiros, é absurda hoje. Veja os estrangeiros do Liverpool que tomou um passeio do Flamengo em 1981 e os estrangeiros do Liverpool que sufocou o São Paulo em 2005.
Nos últimos quatro anos, incrivelmente, o campeão da Libertadores não perdeu no Japão a não ser nos pênaltis. Na minha opinião, o maior abismo aconteceu neste ano. Não admiro o futebol de Clemer, Ceará, Rubens Cardoso, Edinho e Wellington Monteiro, jogadores importantes para Abel Braga em 2006. Índio e Fabiano Eller (o segundo, em especial) melhoraram muito, mas não estão nos meus sonhos. Alex é um tanto instável. Pato ainda posa como incógnita. Luiz Adriano me parece ótimo jogador. Só Fernandão coloco hoje no mais alto nível, e ele, convenhamos, fez um Mundial fraco.
Incrível! O título do Inter foi assim. E merecido. Parabéns ao clube que, ansiosamente, tanto buscou sucesso no exterior e que agora sabe bem o que é ser internacional. Muitos são grandes, poucos são gigantes.

GLÓRIA NACIONAL
Diferentemente da maioria das pessoas que ouvi, achei Deco o melhor jogador mesmo do Mundial de Clubes. Entendo que ele foi até melhor que Ronaldinho nos 4 a 0 do Barça sobre o mexicano América e que esteve em um bom nível na decisão. Ao menos duas vozes de peso na senda de vitórias do Inter concordam comigo. Rubens Minelli, possivelmente o mais estrategista dos técnicos brasileiros na história, e Falcão, com larga experiência internacional, apoiaram a decisão de dar o troféu de melhor ao craque luso-brazuca mesmo na ""torcida" colorada. Lembro que, antes, sempre o campeão teve o melhor do Mundial, o que respalda a coluna.

GLÓRIA CONTINENTAL
A Libertadores é um show, está cada vez melhor, mas seu sorteio ainda carece de melhores cuidados.

rbueno@folhasp.com.br


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