São Paulo, quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

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CBF atende a pedido de João Havelange e iguala Taça Brasil e Robertão ao Campeonato Brasileiro

Divulgação CBF
Luis Alvaro, presidente do Santos, e Palaia, vice do Palmeiras, seguram faixas e taças de campeão brasileiro

CIRILO JUNIOR
DO RIO

João Havelange venceu. Ex-presidente da CBD (Confederação Brasileira de Desportos, embrião da CBF) e da Fifa, o ex-sogro de Ricardo Teixeira teve, aos 94 anos, seu desejo atendido.
Depois de anos ignorando o pleito dos clubes, e de Havelange, a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) unificou os títulos da Taça Brasil e do Torneio Roberto Gomes Pedrosa, transformados oficialmente em Campeonatos Brasileiros.
O reconhecimento é um pedido antigo de Havelange. Ricardo Teixeira, presidente da CBF, já havia afirmado que tomaria tal decisão para agradar ao padrinho político.
Em abril de 2009, o Santos organizou uma homenagem a Havelange, com a presença de Pelé, no CT do clube. Na ocasião, o ex-presidente da Fifa defendeu a unificação.
"Reconhecer o passado é dar a quem de direito os títulos conquistados", declarou Havelange ontem. O cartola presidiu a CBD de 1956 a 1974, período que inclui a criação do Campeonato Brasileiro, em 1971.
Palmeiras e Santos, com oito títulos cada um, passam a deter a hegemonia em campeonatos nacionais, deixando para trás o São Paulo, o maior campeão até então, com seis títulos. Também tiveram conquistas reconhecidas o Bahia, o Cruzeiro, o Botafogo e o Fluminense.
Em cerimônia para marcar a unificação, a CBF entregou pequenas réplicas do atual troféu aos presidentes dos clubes -as exceções foram o Bahia, representado pelo presidente da federação baiana, Ednaldo Rodrigues, e o Palmeiras, que contou com o vice Salvador Palaia.
Pelé foi premiado com seis medalhas alusivas às suas conquistas com o Santos na década de 60. "A gente precisava andar de ônibus e dormir no ônibus, porque nossa agenda, às vezes, não era muito bem programada. As equipes de base tinham que treinar com nossas chuteiras por um tempo, para elas serem amaciadas", disse Pelé, em alusão a esse tempo.
O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, classificou a decisão como histórica e afirmou que a entidade não estava "fazendo favor" aos clubes. "Estamos passando a limpo o passado glorioso do futebol brasileiro", afirmou.
A CBF tomou a decisão baseada num dossiê preparado pelo ex-superintendente do Santos José Carlos Peres e pelo jornalista Odir Cunha, que levaram dois anos para levantar as informações dos torneios disputados à época.
"A primeira Taça Brasil teve clubes de 16 dos 20 Estados da época representados. Em 2011, dos 27 Estados, oito terão clubes na primeira divisão. Como dizer que a Taça Brasil não era o principal campeonato nacional da época?", questionou Cunha.
O presidente do Santos, Luis Alvaro de Oliveira Ribeiro, lembrou que a decisão levou 40 anos para ser tomada.
O clube preparará um dossiê para pedir à Fifa que reconheça a Recopa intercontinental de 1969 como Mundial. "Logo buscarei as três medalhas. Somente o Pelé ganhou três Mundiais [de clubes] jogando".


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