São Paulo, quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

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JUCA KFOURI

Oito anos de Lula


O primeiro presidente torcedor de geral que o Brasil teve não fez o que dele se esperava

É FÁCIL medir como se saiu a gestão Lula no esporte em geral e no futebol em particular.
É fácil até mesmo comparar seus resultados com os oito anos de FHC.
Lula tomou posse sob o temor da cartolagem e sai do palácio adorado por Teixeira&Nuzman&cia.
FHC chegou ao poder apoiado por essa gente e, ao deixá-lo, tinha deixado-a mais do que ressabiada.
Sim, ponto para FHC, que de um modo ou de outro representava a elite brasileira.
Eis que em seu governo foram paridos o Estatuto do Torcedor e a Lei da Moralização, que FHC assinou como medida provisória em plena Copa do Mundo da Ásia, irritando a CBF a tal ponto que Ricardo Teixeira teve de ser convencido a muito custo para descer com a seleção campeã em Brasília.
Sim, melhor teria sido que FHC fosse ao encontro dos jogadores, com o que os pouparia daquela maratona desumana que culminou com Vampeta dando cambalhotas na rampa do palácio, além da humilhação oportunista a que se submeteu o ministro do Turismo e do Esporte de então, que implorou ao cartolão.
Lula, ao contrário, não só não teve o voto de nenhum dos cartolas mais proeminentes como os assustou logo de cara ao fazer questão de, generosamente, assinar como suas primeiras leis exatamente aquelas paridas no governo tucano.
No dia da assinatura prometeu que "nunca mais o torcedor seria tratado feito gado" e chamou a cartolagem da malsã ou coisa parecida. Lula, afinal, era torcedor de ir ver seu time na geral.
E foi só. De lá para cá, não só desdisse o que dissera como tratou de fazer elogios deslumbrados aos cartolas de todos os esportes, além de ter-lhes dado benesses e até uma Timemania, embora tão fracassada como equivocada. E o gado continua igual.
No entanto, só teremos Copa do Mundo e Olimpíada no Brasil por causa de Lula.
E apesar de ele não ter feito ruptura alguma, quase nada pela democratização do acesso ao esporte e pela prática esportiva como fator de prevenção de saúde, o saldo de seu governo acaba sendo, do ponto do vista do mercado, positivo.
Ainda mais com todas as isenções fiscais que concedeu aos barões, embora dele se esperasse mais que cultuar o mercado.
Que sua sucessora não se deslumbre e não se deixe levar pela sedução dos cartolas.
Já a coluna folga 30 dias. Viva 2011!

blogdojuca@uol.com.br


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