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São Paulo, sexta-feira, 24 de janeiro de 2003

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Justiça reconsidera o pedido da Globo, que retoma os direitos do torneio que começa amanhã

Paulista muda de mãos de novo, e clubes agonizam

MARÍLIA RUIZ
ENVIADA ESPECIAL A MONTE SIÃO

Pela terceira vez nos últimos sete dias, o Paulista mudou de "dono". Ontem, o desembargador Boris Kauffmann, da 5ª Câmara de Direito Privado de São Paulo, reconsiderou a decisão de seu colega Rodrigues de Carvalho, que havia dado ao SBT exclusividade sobre as transmissões do torneio na última segunda, e concedeu à Rede Globo tal direito.
Enquanto as emissoras disputam as transmissões das partidas do Estadual, os times agonizam sem saber quem pagará pelas suas participações no Paulista mais concorrido dos últimos anos.
O presidente do São Paulo, Marcelo Portugal Gouvêa, disse que a redução drástica das cotas e a indefinição sobre o detentor dos direitos de transmissão do campeonato podem provocar o atraso no pagamento dos direitos de imagem dos jogadores são-paulinos. Segundo o dirigente, sem receita em caixa, não será possível quitar as suas dívidas.
"Estou bastante preocupado com essa indefinição. Vamos jogar de graça enquanto não soubermos quem tem que pagar pelo Paulista. Se isso não for resolvido logo e continuarmos sem receber as nossas cotas, os direitos de imagem podem não ser pagos em fevereiro. E isso não será só no São Paulo", declarou o presidente do clube do Morumbi.
As cotas a que se refere Gouvêa não ultrapassarão R$ 1,5 milhão pelo Estadual deste ano -bem inferior ao que arrecadou o vice-campeão do Torneio Rio-SP, o São Paulo, pelo regional no ano passado: R$ 7,5 milhões.
Mas, mesmo antes de começar o Paulista, os cofres são-paulinos não puderam suportar os gastos de 2003. Além de dispensar alguns atletas e renegociar o salário de outros, a diretoria não ainda quitou o pagamento da imagem de alguns jogadores que venceu no início deste mês.
É o caso do lateral-esquerdo Jorginho, por exemplo. Mas o técnico Oswaldo de Oliveira não acredita que a "moratória" anunciada por Gouvêa possa afetar o rendimento do time em campo.
"Estou conseguindo levar essa história de forma velada até aqui. Não acredito que isso vá ganhar grandes proporções. Os jogadores estão levando a situação calmamente. Estão todos equilibrados", disse o treinador.
No Corinthians, a situação é semelhante. O time, que atrasou o pagamento de premiações aos seus atletas durante todo o ano passado, contratou mais que o concorrente e já está com as cotas de patrocínio e publicidade comprometidas. Trocou a Topper pela Nike, manteve a Pepsi e adicionou a Kolumbus na manga de suas camisas para assegurar o pagamento dos salários do futebol.
Ainda assim, o gerente de futebol do clube, Edvar Simões, insistiu que o problema da guerra das liminares entre Globo e SBT vai afetar mais o rendimento da equipe em campo do que as finanças.
"O problema aconteceu [mudança nas decisões da Justiça", e o clube tem que saber administrá-lo. O importante é que, pelo menos até a véspera, avisem-nos qual será o horário do jogo. Se for às 16h, em Marília (SP), os jogadores vão sofrer muito. Provavelmente vai estar muito quente", declarou o dirigente corintiano.


Colaborou Ricardo Perrone, da Reportagem Local


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