São Paulo, sábado, 24 de janeiro de 2004

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FUTEBOL

Após perder 5,7 kg, colombiano estréia hoje para redimir fracasso de atletas que tentaram se recuperar no Corinthians

Rincón volta e desafia 4 décadas de micos

RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL

Rincón, 37, volta hoje ao Corinthians com a missão interromper quatro décadas de tentativas frustradas do clube de recuperar veteranos com as carreiras por um fio.
A partida contra o Rio Branco, às 17h, no Pacaembu, marcará o final de dois anos de aposentadoria do volante, que pode tirar a faixa de capitão de Rogério. A decisão seria tomada ontem à noite pela comissão técnica.
O histórico de fracassos de jogadores que chegaram ao Parque São Jorge para tentar renascer no futebol faz o colombiano acreditar numa desconfiança da torcida. "Se eu fosse torcedor, também desconfiaria. A situação permite isso", afirmou o volante.
Seu principal trunfo para vingar no retorno ao clube que defendeu de 1997 a 2000 é a mudança que sofreu a partir de 15 de dezembro, quando começou a treinar.
Desde então, o atleta de 1,87 m perdeu 5,7 kg. Ontem, cravou 90 kg. A quantidade de gordura em seu corpo caiu de 16% para 12%.
A transformação resultou em testes melhores até do que alguns dos atletas mais jovens da equipe.
Rincón está entre os mais ágeis e rápidos do time, segundo o fisiologista corintiano, Renato Lotufo.
Ele espera que o jogador ainda perca pelo menos um quilo e ganhe massa muscular. Hoje, os músculos são responsáveis por 45% do peso do colombiano. Entre seus companheiros esse número varia de 40% a 42%.
"Fazer dieta em dezembro não foi fácil. Você vê pratos que não come o ano todo. Eu via, lembrava que correria oito quilômetros no dia seguinte e me controlava."
Em sua opinião, a principal dificuldade de atletas que enfrentaram situação semelhante à sua no clube foi justamente perder peso.
Em 1966, Garrincha, o caso mais célebre no Parque São Jorge, emagreceu, mas em vão.
Aos 32 anos, o ponta sofria os efeitos do alcoolismo, fez 13 jogos e só dois gols. Seu contrato de dois anos foi rescindido na metade.
Porém o clube insistiu na fórmula, quase sempre sem sucesso.
Na década de 70, as apostas foram no ex-palmeirense César Maluco (29 anos, 37 jogos e 8 gols) e no ex-santista Edu (27 anos, 39 jogos e 4 gols). Nos anos 80, o caso mais emblemático foi o do atacante Paulo César Caju (32 anos, quatro jogos e nenhum gol).
A década de 90 teve o retorno de ídolos como Casagrande (30 anos, 34 jogos e 10 gols) e Neto (30 anos, 22 jogos e um gol). Um dos casos mais antigos é o de Luizinho, um dos principais ídolos. Ele voltou em 1964, com 34 anos, e só fez três gols em 51 jogos.


Colaborou Fábio Tura, do Datafolha

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