São Paulo, quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

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TOSTÃO

Não existe uma única verdade


Se não houver lugar para Kaká, Ronaldinho e Robinho juntos na seleção, o último deveria sair e não Ronaldinho


NO ANO passado, Dunga convocou vários novos jogadores, mas manteve uma base e iniciou uma filosofia de trabalho e de jogo. Isso foi também importante para conseguir as vitórias. Os zagueiros Luisão e Juan, os volantes Edmílson, Gilberto Silva e Elano e os meias e atacantes, Robinho, Fred e Kaká, foram quase sempre chamados e escalados.
As maiores dúvidas do técnico da seleção foram na convocação dos reservas, dos goleiros, dos laterais e como colocar o Ronaldinho Gaúcho no time titular. A única novidade na convocação para o jogo contra Portugal foi Adriano, que voltou a fazer gols. Se não estivesse contundido, o meia Daniel Carvalho merecia continuar no elenco. Por outro lado, há volantes melhores do que Dudu Cearense.
Não gosto da escalação do Gilberto Silva e Edmílson juntos. São dois volantes com pouca mobilidade, que raramente passam do meio-campo. Deveria ser um ou outro. Dunga está convicto de que o time precisa ter três marcadores no meio-campo. Hoje seriam Gilberto Silva, Edmílson e Elano. Como é necessária a presença de um atacante mais fixo, sobram duas vagas para o Kaká, Ronaldinho e Robinho.
Tentaria escalar os três. Uma opção seria jogar com dois volantes, Kaká e Robinho abertos, um de cada lado, e o Ronaldinho livre e próximo do centroavante. Robinho e Ronaldinho trocariam de posição, como fizeram com sucesso na Copa das Confederações. Por ser mais leve, desarmar mais e atuar hoje no Real Madrid nessa posição, pela esquerda, Robinho teria mais funções defensivas do que Ronaldinho.
Outra opção seria jogar com dois volantes, um meia com funções defensivas e ofensivas (Kaká), dois atacantes pelos lados (Robinho e Ronaldinho), que também recuariam quando o time perdesse a bola, além de um centroavante. Esse esquema pode ser chamado de 4-3-3 ou de 4-2-3-1. Não faz diferença. Essa formação tática está na moda na Europa.
Se dá certo no Barcelona, na seleção de Portugal e em outros times cada um com seus detalhes próprios porque não daria certo no Brasil? No Barcelona, o técnico Rijkaard, com razão, deixa o Ronaldinho mais solto, sem recuar tanto, para aproveitá-lo nos contra-ataques. Porém, Dunga está colado no passado, na seleção de 94, ou no padrão atual da maioria das seleções, que toma mais cuidados defensivos.
Não existe apenas uma única verdade. Se Dunga estiver com a razão e não houver lugar para os três, Robinho deveria sair, e não o Ronaldinho. Será o máximo da intolerância e da prepotência barrar o melhor jogador do mundo por questões táticas, a não ser em momentos especiais.

Paulistão
São Paulo e Corinthians atuaram nos dois primeiros jogos do Paulistão no clássico esquema europeu, com dois volantes e um meia de cada lado bem aberto. Isso melhora a marcação no meio-campo, facilita as jogadas pelos lados, mas falta o meia de ligação, próximo dos dois atacantes, característica do Santos e dos times treinados pelo Luxemburgo. Já o Palmeiras, tenta repetir a filosofia do Paraná, de recuar, ter apenas um atacante fixo e contra-atacar com velocidade. Independentemente das vitórias e do número de gols, o Santos foi o time mais seguro e organizado até agora. Com as ótimas atuações do Kléber, Zé Roberto e Cléber Santana, os três maiores talentos do time, o Santos está melhor do que no ano passado. Mas ainda é cedo para prognósticos.

tostao.folha@uol.com.br


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