São Paulo, domingo, 24 de fevereiro de 2008

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JUCA KFOURI

A raposa e o fanfarrão


Os presidentes dos mais populares clubes paulistas vivem dias de definição e metem os pés pelas mãos

RAPOSA FELPUDA é sinônimo de gente experiente, vivida, normalmente bem informada e esperta, como o presidente do São Paulo, Juvenal Juvêncio.
JJ tem a seu favor a fama de ser dos raros cartolas que conhecem futebol a fundo, que acerta muito mais que erra nas contratações que faz e de cumprir o que promete, razão pela qual promete pouco, tem perfil baixo, prefere não aparecer e só o faz em momentos cuidadosamente planejados, para passar um recado aqui, outro ali, para o público interno ou externo.
JJ é tão habilidoso que as pessoas de esquerda que conversam com ele saem convencidas de que ele sempre votou no PT, desnecessário dizer, o partido que está no poder.
Mas, na verdade, JuJu é filhote de Laudo Natel, um dos políticos mais subservientes à ditadura militar brasileira, por duas vezes governador biônico de São Paulo.
Com jeito manso, erres e esses bem escandidos, olhar matreiro, JJ é um baita papo, desses que não diz nada que não queira, embora seja capaz de dizer só o que interessa ao interlocutor. Mesmo assim, às vezes, pisa na bola. E pisa feio.
Como pisou agora, ao se perder em frases bajulatórias ao presidente da República no lançamento da Timemania, frases que não honram nem a sua conhecida verve.
Porque, convenhamos, dizer que "aquele que não fizer uma reverência [ao governo Lula] vai ficar em débito com a história, e os filhos irão cobrar de seus pais" não é um pouco demais, é demasiadamente demais, deve ter constrangido o próprio adulado, por mais que este seja chegado ao culto à personalidade.
E JuJu dirá que faz tudo pelo clube, tudo pelo estádio sede da Copa do Mundo de 2014, tudo a tal ponto que não só votou pela reeleição de Ricardo Teixeira até 2015 como, também, avalizou a prorrogação do mandato de Marco Polo del Nero, para tratar de dar mais um ano à sua próxima gestão em seguida.
Aparentemente, nada mais menos JJ, pelo menos quando jovem, inflamado, lutador, não interessa se por boas ou más causas, que também as houve, e muitas. Mas, quem sabe, tudo a ver com JuJu felpudo, sorrateiro, pelas beiradas, com seu cachimbo ou cigarrinho de palha na boca, ali, costeando os barrancos do Morumbi.
Já Andres Sanchez tem um longo caminho a percorrer para chegar a ser uma raposa ou virar AS. Por enquanto está mais para Cesar Maia, chegado a um factóide que só ele. Fanfarrão.
É a parceria com o Barcelona que ficou na Catalunha; a contratação de Nizan Guanaes que morreu na mesa do bar; a comissão do estádio que virou só a comissão pelo estádio e a expulsão da dupla Alberto Dualib/Nesi Curi que redundou na aprovação das contas deles.
Por mais brilhantes que sejam os esforços de marketing e por mais esperanças que se tenha com o novo estatuto, Sanchez não tem conseguido convencer no papel de dirigente máximo do clube mais popular de São Paulo e lá se vão distantes os cem primeiros dias de sua gestão.

Comunismo de verdade
Quatro pessoas no mesmo quarto de hotel? Isso é que é ser comunista, hein ministro Orlando Silva?

blogdojuca@uol.com.br


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