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Francês quebra 3º recorde em 3 dias
Após marcas nos 100 m livre, Alain Bernard faz 21s50 nos 50 m livre e alimenta polêmica sobre traje que repele a água
Todos os recordistas desta temporada nadaram com vestimenta que ajudaria a flutuar; concorrência chia,
e federação fica em alerta
DA REPORTAGEM LOCAL
Se ainda restavam dúvidas de
que Alain Bernard se tornara o
homem a ser batido nas provas
de velocidade, o francês tratou
de pulverizá-las ontem.
Em 21s50, cruzou os 50 m da
piscina de Eindhoven e se
transformou no mais rápido
nadador da história.
Mais: é o primeiro atleta desde o lendário Matt Biondi, em
1986, a obter os recordes mundiais nos 50 e 100 m livre em
uma mesma competição.
"Eu estava calmo. Tive um
excelente início, o que não é comum. Então, pensei que tinha
que explorar ao máximo minha
boa forma aqui. Coloquei toda a
minha força em 35 metros. O
público me dá força e me motiva a me superar. Espero que isso dure", disse Bernard, ovacionado pelos holandeses.
Como havia feito pela primeira vez nos 100 m livre, o
francês bateu o recorde da mais
veloz prova da natação já na semifinal do Europeu. Hoje, irá
nadar pela medalha de ouro.
As performances de Bernard
foram tão surpreendentes que
desencadearam uma busca por
explicações. Por respostas para
além da boa fase do atleta.
A menos de cinco meses da
Olimpíada, o nadador saltou de
coadjuvante a homem a ser batido em duas provas. Na sexta,
fez 47s60 nos 100 m livre. Anteontem, conquistou o ouro e
baixou a marca em 0s10.
Nos 50 m livre, tinha como
melhor tempo no ano 22s28.
Uma das teses para a performance do nadador é reforçada
por uma coincidência: nas 11
quebras de recordes mundiais
ocorridas em 2008, todos os
atletas usavam o mesmo traje,
o LZR Racer, da Speedo.
É o caso do australiano Eamon Sullivan, que em fevereiro
cravou 21s56 nos 50 m livre, superando o mais longevo recorde da natação masculina, em
poder de Alexandr Popov.
O diretor técnico da federação francesa, Claude Fauquet,
foi um dos primeiros a reclamar atenção da Fina (federação
internacional) para o maiô.
"Acho que isso merece um
debate e tem de ser analisado
por um comitê de ética", disse.
A seleção francesa é patrocinada pela Arena. Bernard tem
acordo com a Speedo. O LZR
Racer, lançado neste ano, foi
aprovado pela Fina e será usado nos Jogos de Pequim.
A entidade que comanda a
natação mundial, no entanto,
acena com uma nova discussão
sobre o assunto após a coincidência entre os recordes.
O diretor executivo Cornel
Marculescu disse que a federação questionará a fabricante
sobre o material do traje e marcará encontro com dirigentes
durante o Mundial em piscina
curta de Manchester, em abril.
Ele ressaltou, no entanto,
que não há ilegalidades.
O LZR Racer não tem costuras e é feito de material que repele a água. Ajudaria na flutuabilidade, principal ponto a levantar polêmica. Custa cerca
de US$ 800 e promete 5% menos atrito e 4% a mais de velocidade que sua versão anterior.
Só o Campeonato Australiano viu três recordes no fim de
semana. Ontem, Sophie Edington fez 27s67 nos 50 m costas,
superando o tempo de Emily
Seebohm obtido anteontem.
Um brasileiro também atingiu feito histórico com o novo
maiô. César Cielo superou o recorde sul-americano dos 100 m
livre (48s49) -sua marca mais
rápida na distância- no GP do
Missouri, em fevereiro. Sua
universidade é patrocinada pela fabricante. Seu melhor tempo nos 50 m livre é 21s84.
O Comitê Olímpico Brasileiro também possui acordo com
a empresa fabricante do LZR
Racer, que vestirá as equipes de
esportes aquáticos na China.
Com agências internacionais
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