São Paulo, terça-feira, 24 de março de 2009

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Frente se contrapõe a lobby dos clubes

Com COB desgastado, confederações articulam movimento para manter quinhão na Lei Piva, cobiçado por agremiações

Comitê, que sofre críticas de gasto com burocracia, dá aval a iniciativa de filiados, que visam demonstrar que têm despesas com o esporte

RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Com o crescimento do lobby dos clubes para obter parte da Lei Piva, que já ganhou até apoio do governo federal, confederações de esportes olímpicos articulam movimento para evitar perda de seus recursos. A mobilização tem aval do COB, ao qual elas são filiadas.
Em abril, dirigentes olímpicos deverão se reunir para decidir a estratégia a ser adotada. Mas, em conversas preliminares, há o consenso de que é preciso mostrar os gastos esportivos das confederações com a verba federal. Foram R$ 34,2 milhões apenas em 2008.
Os dirigentes olímpicos querem amenizar as críticas dos clubes aos gastos do COB com burocracia, que chegaram a R$ 17,2 milhões no ano passado.
Parte dos dirigentes vê a imagem do comitê como desgastada para defendê-los. E fazem críticas ao excesso de despesas administrativas da entidade.
Mas a maioria das entidades disse que o COB apoia o movimento e faz elogios à diretoria.
"Há uma grave confusão nesta discussão. Vou gastar R$ 1 milhão para mandar delegação de nadadores para o Mundial de Roma. Vamos pagar passagens e estadia. De quem são os atletas? Dos clubes", disse o presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Coaracy Nunes.
Para o cartola, é preciso que os clubes gerem novas receitas, o que repete o discurso do COB.
Uma das ideias é mostrar que as confederações cobrem despesas dos clubes. Fora que há quem dê contribuições a agremiações, como a Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt).
"Temos programas na confederação de apoio aos clubes. E repassado dinheiro a atletas de alto nível, jovens talentos e treinadores que são dos clubes. E ainda contribuímos para a construção de CTs, que são deles", explicou Roberto Gesta Mello, presidente da CBAt.
Pela sua conta, sua entidade destina R$ 3 milhões por ano aos clubes. Sua fatia na Lei Piva é menor: R$ 2,5 milhões.
"Não vejo nenhum problema de dar esses recursos diretamente aos clubes. Mas quem vai receber? Quem será beneficiado? Tem que haver um critério", defendeu Gesta.
Essa é outra crítica das confederações. Elas alegam que os oito membros do Conselho de Clubes Formadores (Confao), que reivindicam as verbas, representam só parte do total. Lembram que há clubes menores que formam os atletas.
"No boxe, os atletas são formados por academias. Nem acho que devo entrar na discussão", contou Luiz Cláudio Boselli, vice-presidente da Confederação de Boxe, que ainda não foi chamado para o grupo.
"São poucos clubes que estão reivindicando. Temos atletas de judô que saíram da academia. Se ficar no clube ou lá, não vai a lugar nenhum. Não desenvolve", afirmou o presidente da Confederação Brasileira de Judô, Paulo Wanderley.
Após sua reunião, os dirigentes olímpicos querem encontro com os clubes para discutir formas de colaboração. Não se fala em participação do COB.


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