São Paulo, quarta, 24 de março de 1999

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FUTEBOL
Diretoria do clube faz hoje última reunião com o banco, que não aceita exigências feitas após o título brasileiro
Fracassa contrato com banco Icatu

JUCA KFOURI
da Equipe de Articulistas

Hoje à tarde, a direção do Corinthians e do banco Icatu farão aquela que deve ser a última reunião entre ambos para tratar do acordo de parceria que vem sendo discutido desde o ano passado.
Embora nenhuma das partes confirme, a reunião será mesmo a derradeira, porque o acordo não será assinado.
Mais do que a crise que afeta o país, as novas exigências do Corinthians depois que seu time foi campeão brasileiro teriam abalado a confiança do banco, certo de que a relação tenderia a piorar se o contrato viesse a ser assinado.
O Corinthians e o Icatu haviam assinado um pré-contrato para que o banco assumisse a gestão financeira do futebol profissional e amador do clube por 20 anos no final de outubro do ano passado.
Em troca, o Corinthians receberia R$ 26 milhões (R$ 14 milhões à vista e quatro parcelas semestrais de R$ 3 milhões) mais participação nos lucros e o pagamento de parte da dívida do clube -de R$ 15 milhões, conforme auditoria concluída pelo banco em dezembro.
No total, no período de vigência do contrato, o banco investiria em torno de R$ 400 milhões.
O Icatu assumiria também a obrigação de construir um centro de treinamento e um estádio de pelo menos 45 mil lugares -exploraria o estádio, mas o devolveria ao Corinthians no ano 2019.
Em compensação, ficaria com rendas, receitas de TV e publicidade e até com recursos da venda de produtos com a marca do clube.
Ao conquistar o título do Campeonato Brasileiro de 98, no entanto, a diretoria do Corinthians quis rediscutir os valores, alegando uma supervalorização da marca.
Com a crise cambial em janeiro, a diretoria do Corinthians passou a insistir mais ainda na revisão de valores, tentando reduzir o prazo da parceria pela metade como forma de compensação pela desvalorização do real em relação ao dólar.
O contrato deveria ser assinado no dia 27 de janeiro, mas, às vésperas, o Corinthians quis reduzir ainda mais seu tempo de vigência, passando para cinco anos.
Além disso, o clube não queria descontar dos R$ 26 milhões receitas antecipadas neste ano de R$ 11,3 milhões.
O banco não aceitou a nova proposta corintiana e aguardava uma contraproposta.
Vendo dificuldades no acordo, a diretoria do Corinthians já vinha estudando a possibilidade de criar fontes alternativas de renda, por meio, por exemplo, do lançamento de planos promocionais.
Uma das principais receitas do Corinthians hoje vem da Batavo, patrocinadora da camisa, de R$ 500 mil mensais -três vezes menos que sua folha de pagamento.



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