São Paulo, segunda-feira, 24 de abril de 2000


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FUTEBOL
Apenas 350 torcedores acompanham primeiro treino da equipe na cidade para o jogo contra Equador
Paulistano faz pouco caso de seleção

FÁBIO VICTOR
da Reportagem Local

Os quase sete anos de separação parecem não ter sido suficientes para que o torcedor paulistano sentisse saudades da seleção brasileira. Ontem, no primeiro treino realizado pelo time nacional para o jogo contra o Equador, depois de amanhã à noite, no Morumbi, pelas eliminatórias da Copa-2002, cerca de 350 pessoas estiveram no estádio do Pacaembu.
O treino era aberto ao público, com entrada franca, num domingo, mas nem isso, nem a possibilidade de ver estrelas internacionais há muito tempo distantes do Brasil -como Rivaldo, do Barcelona, tido como o melhor jogador do mundo hoje-, seduziram a população de São Paulo.
A torcida que foi ao Pacaembu não representa nem 1% da lotação do estádio, que tem capacidade para 38 mil pessoas.
Mesmo minguado, o público manteve a fama de mal-humorado. Impacientes com o atraso do início do treino (marcado para as 17h, começou às 17h40), os torcedores exigiram com vaias e xingamentos o início da atividade.
Na última vez que jogou em São Paulo, em 1993, também contra o Equador, pelas eliminatórias da Copa-94, a seleção deixou o estádio do Morumbi vaiada, apesar da vitória por 2 a 0.
Na ocasião, os torcedores pediam a substituição do técnico Carlos Alberto Parreira, considerado defensivista, por Telê Santana e a entrada do meia são-paulino Palhinha na equipe titular.
"É que o torcedor de São Paulo é mais apegado aos clubes, não é muito chegado à seleção", tentou justificar o estudante Wladimir Pribernow Romero, 16.
Corintiano, ele disse ter trocado o jogo do seu time (que ontem enfrentou o Araçatuba, no Canindé) pelo treino da seleção somente por motivos financeiros. "Prefiro muito mais o Corinthians, mas aqui é de graça."
O gerente de vendas José Mario de Arruda, 41, que levou o filho Bruno, 9, para ver a seleção, tinha outra interpretação.
"O paulistano é mais exigente, talvez pela facilidade que tem em ver jogadores da seleção em seus próprios clubes. Mesmo assim, acho que o Pacaembu está vazio hoje porque foi o treino foi pouco divulgado", disse.
A fria recepção do paulistano torna-se mais surpreendente quando comparada à a acolhida que a seleção tem em outras lugares do Brasil.
Embora o interesse da torcida seja diretamente proporcional ao tamanho da cidade (quanto menor a cidade, maior a euforia), grandes capitais também se empolgam com a seleção.
No último jogo do Brasil em uma grande capital, contra a Argentina, em Porto Alegre, em setembro do ano passado, milhares de torcedores compareceram ao treino da seleção no Beira-Rio -em plena segunda-feira.
Em algumas cidades, o público chega a lotar estádios para ver os treinos do Brasil, além de se aglomerar em aeroportos e portas de hotéis em busca de autógrafos.
Às 11h de ontem, horário da apresentação da seleção, não havia ninguém com esse fim no hotel Transamérica (zona sul de São Paulo), onde a equipe brasileira está hospedada.
No treino do Pacaembu (basicamente físico), o ex-palmeirense e ex-corintiano Rivaldo foi o jogador mais festejado, seguido pelo goleiro corintiano Dida e pelo lateral-direito Cafu, da Roma e ex-palmeirense.
Hoje, também às 17h e novamente de portões abertos, a seleção realiza treino (desta vez técnico e tático) no Morumbi. Amanhã, no mesmo horário, volta a usar o Pacaembu.
É a primeira vez em muitos anos que a seleção brasileira faz em São Paulo a sua preparação para um jogo na cidade.
Nas últimas vezes que esteve na capital paulista, a seleção treinou no Rio ou em Teresópolis, deixando para viajar a São Paulo na véspera ou antevéspera do jogo.
Foi assim em 93, quando venceu o Equador, e em 1989, quando goleou a Venezuela por 6 a 0 -ambos pelas eliminatórias.


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