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Bernô é fenômeno de público
Time de São Bernardo pode subir para a 1ª divisão hoje com bilheteria próxima à dos grandes de SP
Com só cinco anos de vida, clube fundado por políticos ligados ao PSDB foi adotado pelo PT com a mudança de governo na prefeitura local
EDUARDO OHATA
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Mais do que os vizinhos Santo André e São Caetano, que estão na elite. Mais do que qualquer time pequeno do Estado.
Quase a mesma coisa que grandes como Palmeiras e Santos.
O maior sucesso de público
do futebol paulista em 2010 fica
em São Bernardo do Campo.
E tem como protagonista um
clube que existe há apenas cinco anos e que passou de "time
tucano" a "clube petista" em
um piscar de olhos.
O São Bernardo Futebol Clube, apelidado de Bernô e que
hoje pode garantir o acesso à
primeira divisão do Paulista
com um empate em casa diante
do Pão de Açúcar, tem a quinta
maior média de público de todas as divisões do Estadual.
Em 12 jogos no estádio 1º de
Maio, o clube registra média de
6.254 pagantes. Na Série A-1, o
poderoso Palmeiras abrigou,
em média, 8.100 pagantes em
seus jogos como mandante.
No quadrangular decisivo, a
média do São Bernardo está em
11,5 mil pagantes, mais do que o
Santos conseguiu na Vila Belmiro em 2010. A comparação
com os outros jogos decisivos
da segunda divisão (média de
3.900 pagantes) mostra o
quanto a bilheteria do clube do
ABC paulista é fora do comum.
É verdade que o preço das entradas é camarada (de R$ 5 a R$
10), mas isso é praxe na segunda e na terceira divisão, e o Santo André, mesmo trocando ingressos por um quilo de alimento, levou menos gente à semifinal da primeira divisão do
que o último jogo do São Bernardo em casa, contra a União
Barbarense, quando mais de 12
mil pessoas pagaram ingresso.
Tudo isso no estádio 1º de
Maio, a famosa Vila Euclides,
que na sua história enchia só
quando o então sindicalista Lula realizava ali as assembleias
do Sindicato dos Metalúrgicos
do ABC no final da década de 70
e no começo da de 80.
O sucesso de bilheteria é tão
inusitado como a curta trajetória do clube do ABC. O São Bernardo foi fundado em 2004 como uma empresa limitada. Entre os sócios, estavam o então
deputado federal Edinho Montemor e o deputado estadual
Orlando Morando Júnior.
Ambos eram da base do então prefeito William Dib, que
era do PSB, mas aliado de primeira hora dos tucanos e inimigo do PT -o próprio presidente
Lula já falou sobre essa disputa.
A prefeitura queria até repassar
R$ 400 mil para o clube, mas a
legislação impediu isso.
Nas eleições municipais de
2008, Morando encabeçava a
chapa tucana que tinha Montemor como vice. Acabaram batidos pelo petista Luiz Marinho,
ex-ministro da Previdência.
A aposta na cidade era que,
com a mudança de governo, o
São Bernardo iria definhar.
Mas o que aconteceu foi justamente o contrário. Marinho
resolveu adotar o time. Indicou
um de seus mais próximos aliados, Luiz Fernando Teixeira,
para a presidência. Montemor,
hoje sem cargo eletivo, é agora
só "presidente de honra".
"Assim que passou a eleição,
o Edinho Montemor me procurou para falar do time. Ele queria que continuasse o apoio da
prefeitura, apesar da mudança
de governo. Se é algo bom, mas
que tinha parceria com a gestão
anterior, não tem por que não
ter com nossa gestão também",
diz o pragmático Marinho.
"Não fizemos o clube para a
gente, mas para a população.
Não com o objetivo de engrandecimento pessoal. É um projeto da cidade. Se fosse algo político, quando mudasse o governo, teria morrido", diz Montemor, agora parceiro da prefeitura em um projeto social.
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