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A modernização do vôlei
PAULO GUERRA
especial para a Folha
Entretenimento. Sem dúvida,
está aí a razão da verdadeira
revolução pela qual passa o
mundo dos esportes no Brasil e
no resto do planeta.
Os números da indústria do
entretenimento na última década e as projeções para o começo do próximo século são espetaculares. Alguns estudos feitos na Europa indicam que
40% da população mundial será responsável por toda a produção mundial, ou seja, além
de gerar toda a riqueza, bens e
serviços, deverá ser responsáveis pelo entretenimento dos
outros 60% de habitantes do
planeta, a chamada população
improdutiva.
Aqui no Brasil, a indústria do
entretenimento cresce a passos
largos, o mundo da comunicação mudou radicalmente, foi-se o tempo em que havia apenas quatro TVs, algumas rádios e quatro jornais de expressão no país. Isso significa que
hoje existe "espaço" na mídia
para dezenas, centenas de modalidades, e não mais apenas
para futebol, vôlei, basquete e
automobilismo, como na época
em que o vôlei se consolidou como segundo esporte nacional.
Significa que as empresas estão recebendo uma infinidade
de propostas, das mais variadas modalidades, que podem
garantir a elas a exposição que
antes só o vôlei podia proporcionar, a um custo menor.
Hoje, sem dúvida, o vôlei ainda é a modalidade esportiva
mais organizada do Brasil, tem
boas seleções e um bom campeonato de clubes, mas infelizmente isso não é suficiente para esse novo cenário.
A Superliga é o produto mais
importante, mais estratégico
para o vôlei brasileiro, mais
importante inclusive que as seleções brasileiras.
É simplesmente querer demais da confederação que,
além de suas atribuições com
todas as seleções, as federações,
as competições internacionais,
seus patrocinadores oficiais, a
FIVB, os direitos de TV, tenha
tempo, recursos humanos, infra-estrutura e dedicação para
a Superliga e seus patrocinadores.
É evidente que a CBV não
possui estrutura, ressalto, estrutura (não falo de competência) suficiente para atender a
tudo isso. Por isso, a cada ano,
mais e mais patrocinadores
vêm deixando o vôlei.
A Superliga deve deixar a
CBV. É preciso dar-lhe personalidade jurídica, é preciso
dar-lhe perfil de empresa, agilidade administrativa e eficiência como veículo de comunicação para cada um dos patrocinadores e seus públicos.
Para isso, novas ferramentas
de marketing devem ser criadas, em cada praça, cada ginásio, cada clube, para cada patrocinador de equipe, de arena,
de televisão ou de promoção.
Enfim, a Superliga precisa deixar de ser um produto da CBV
para ser uma marca institucional com vários subprodutos,
como se fez em todo o mundo.
Essas mudanças devem ser
imediatas. É fundamental que
o vôlei "de fato" consiga reduzir os investimentos dos patrocinadores, que as equipes recuperem o vínculo com a comunidade e reconquistem suas torcidas. E é vital a regularidade e a
qualidade das transmissões dos
jogos em TV aberta.
É inadmissível, por falta de
pessoal, infra-estrutura, ou
qualquer outra justificativa,
deixar esse produto se tornar
obsoleto, como se vê agora.
˛
Paulo Guerra, diretor da LKS Marketing Esportivo, é consultor do Report-Nipomed, três vezes
campeão da Superliga masculina
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