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TOSTÃO
As bebidas mais consumidas em Weggis são agora a caipirinha e a batida de
coco, preparadas tanto por
brasileiros como por suíços
Tudo quase perfeito
EM WEGGIS, pequena, típica e
belíssima cidade suíça, todos
os lugares estão enfeitados
com bandeiras brasileiras.
As pessoas que detestam futebol
e/ou não querem ser perturbadas
devem ter saído da cidade.
As bebidas mais consumidas em
Weggis são agora a caipirinha e a
batida de coco, preparadas por brasileiros e por suíços.
Weggis é um lugar em que a
maioria gostaria de morar. O posto
policial só abre duas vezes por semana. A cidade é limpíssima. As lojas abrem tarde, fecham cedo, e as
pessoas trabalham pouco e ganham
muito. No Brasil, trabalham muito
e ganham pouco.
Mas certamente Weggis não é o
paraíso. O paraíso está na nossa
fantasia. As pessoas do Brasil, de
Weggis e de qualquer lugar do
mundo vivem sempre na falta de algo, muitas vezes desconhecido e/ou
inatingível.
A seleção terá 20 dias de treinos e
dois amistosos até a estréia. Será
suficiente, já que a seleção está escalada e definida na maneira de jogar. Até a única variação tática está
prevista, com a entrada de mais um
volante, passando Ronaldinho Gaúcho para o ataque.
Pela primeira vez na história, o time foi escalado meses antes da estréia no mundial. A convocação dos
23 teve raros questionamentos.
Não há um grande problema médico com os jogadores. Carlos Alberto
Parreira é elogiado por tudo que
faz. Parece tudo perfeito, como um
relógio suíço. Está bom demais para
ser verdade.
Além disso, os jogadores brasileiros ficam muito felizes quando se
encontram na seleção. É como se
voltassem para suas casas, para
suas famílias.
Não estou preocupado com o favoritismo do Brasil. Os jogadores
são experientes e sabem diferenciar
o excesso de confiança com a consciência de suas virtudes. O que me
incomoda é estar tudo certo. O Brasil já tem um grande time antes da
competição.
Planejar e definir com antecedência é essencial em qualquer atividade. Mas a maioria dos grandes
times da história -essa é a expectativa da seleção- e os momentos
mais especiais de nossas vidas ocorrem de repente, sem avisar, em um
piscar de olhos. Muitas vezes não
percebemos esses instantes.
Nesses 20 dias, cada jogador terá
um tratamento especial. Ronaldo, a
principal preocupação, está em um
período de sua carreira em que a
sua forma física ideal para brilhar
está muito próxima da contusão
muscular, como tem ocorrido com
freqüência nos últimos anos.
Nesse período de treinos, Parreira vai tentar minimizar a sua principal preocupação, que é jogar com
dois meias ofensivos, dois atacantes
e dois laterais apoiadores sem fragilizar a defesa. Deu certo nos dois últimos jogos da Copa das Confederações. Mas os zagueiros já disseram
que estão preocupados.
Como Kaká, pela direita, e Ronaldinho, pela esquerda, entram muito
em diagonal pelo meio, vão aparecer muitos espaços nas laterais para
os avanços do Roberto Carlos e do
Cafu. Porém os dois não podem
deixar os zagueiros desprotegidos.
Se os dois volantes, Emerson e Zé
Roberto, fizerem com freqüência a
cobertura dos laterais, deixarão
também o meio-campo e a zaga
desprotegidos.
A solução não é a contensão, impedir os laterais e os meias de avançarem muito. Essa é a principal
qualidade desses atletas. A solução
será sincronizar o avanço, para que
todos, alternadamente, defendam e
ataquem. Será o equilíbrio perfeito,
tão sonhado pelo Parreira.
@ - tostao.folha@uol.com.br
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