São Paulo, domingo, 24 de maio de 2009

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JUCA KFOURI

A menos de 13 meses da Copa


A África do Sul está mais perto do que se imagina. E a seleção brasileira começa a ter a cara que terá lá


DUNGA CONVOCOU.
E começou a dar os toques finais à feição que desenha para o time que irá à Copa de 2010, que será aberta em 11 de junho.
O que mais deveria ter chamado a atenção na lista de 23 nomes acabou sendo o que menos chamou: a ausência de Ronaldinho Gaúcho.
E sejamos justos com Dunga: se houve alguém que deu força ao jogador milanês, esse alguém foi exatamente o técnico da seleção. Que, quem sabe, ao reafirmar com generosidade que espera pela recuperação dele até a última hora, tenha dado o susto que RG precisava tomar pra decidir o que quer da vida.
De resto, o quase de sempre, fora as novidades nacionais.
Duas que se impunham, como Nilmar e Ramires, embora numa hora em que causarão graves prejuízos aos seus times na Copa do Brasil e na Libertadores, assim como o goleiro Victor, outra convocação justa, mas dispensável no momento, porque para a reserva.
O gremista só foi convocado mesmo porque Dunga mora em Porto Alegre, o que é natural.
Morasse em Belo Horizonte e Fábio seria o convocado.
Fábio Aurélio, na lateral esquerda, talvez fosse melhor opção que Kléber e André Santos, o primeiro malemolente demais, o segundo muito menos do que imagina ser.
Gilberto Silva, com todo respeito que merece, mais uma vez deve ter ficado surpreso com nova convocação, a menos que tenha comprado uma cadeira cativa na seleção e nós desconheçamos.
Mas, de resto, com restrições aqui e ali, com a estranheza pela ausência, nem que fosse para mostrar que não dá, de Grafite, Dunga acertou mais que errou e se comportou muito bem na entrevista.
Nem tão bem, é verdade, porque pareceu achar que é sinal de independência dizer orgulhosamente que a última vez que conversou com Mano Menezes foi quando este estava no Grêmio. Coisa sem sentido, pois o técnico da seleção deveria conversar diariamente com todos os técnicos dos grandes clubes do país.
Mas Dunga esteve controlado, bem-humorado e firme em suas convicções, como que convencido de que nada mais o tira do comando até a Copa africana.
O que há mesmo para se lamentar não é da responsabilidade de Dunga: este calendário que mistura as finais da Copa do Brasil e da Libertadores com as eliminatórias e a Copa das Confederações.
Imagine se os clubes europeus aceitariam tal confusão com a milionária Copa dos Campeões.
E bem sei, raro leitor, que você está muito mais preocupado com o seu time nas semifinais da Copa do Brasil e nas quartas de final da Libertadores. E que, se você, doce leitora, torce pelo Inter ou pelo Grêmio, ou, ainda, pelo Cruzeiro, a alegria de ver jogadores de seus times na seleção é menor que a preocupação com a falta que valores como Nilmar, Victor e Ramires farão.
Mas é assim. Nosso futebol é capaz de criar contradições como essas, porque dona CBF não se convence de que não é possível que só nós estejamos com o passo certo enquanto o resto do mundo do futebol vive, há anos, sob outro calendário.
O gregoriano que se lixe. O ricardiano é o que vale.

blogdojuca@uol.com.br

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