São Paulo, segunda-feira, 24 de junho de 2002

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Tietagem dribla segurança e aperta jogadores

DOS ENVIADOS A SAITAMA

A torcida está ao lado, aliás bem ao lado, da seleção brasileira às vésperas das semifinais da Copa.
Ontem, pela primeira vez o Brasil treinou com portões abertos para os torcedores. E a festa não ficou limitada ao acanhado estádio de Omiya. No hotel em que está a seleção em Saitama, dezenas de torcedores ocuparam o lobby e até andares superiores.
Logo pela manhã, várias camisas amarelas circulavam dentro e fora do hotel. A segurança funcionou apenas para a minoria.
""Viemos em um grupo de umas dez pessoas. Só alguns não conseguiram entrar. Quando a segurança tenta nos tirar vamos até o sétimo andar e ficamos na academia", disse Yuri Kojima, 23, torcedora que usava roupa colante com bandeira do Brasil.
""Se precisar de massagem, gelo, estou à disposição", completou.
Telma Sakamoto, 26, que trabalha na Sony como Kojima, disse que estava pronta para ""tudo" por um contato com os jogadores da seleção. ""Estou quase fazendo aquelas loucuras que aparecem no "Fantástico". Vou falar que sou camareira para entrar em um dos quartos", disse ela.
Na caça a famosos, fãs ovacionaram, aplaudiram, tiraram fotos e pediram seguidos autógrafos a Fátima Bernardes, apresentadora da TV Globo, por exemplo.
Quando Roque Júnior desceu ao saguão por alguns segundos, foi cercado por um batalhão de torcedores e depois teve dificuldades para voltar ao seu quarto.
Até mercado negro funcionou no hotel da equipe. Dois irmãos de Maceió, Fernando e Ademar Teixeira, 40 e 55, respectivamente, trouxeram cerca de 200 camisas ""piratas" da seleção para vender no Japão. ""O lugar em que mais vendemos foi no hotel", disseram os irmãos, que contaram ter negociado 23 camisas em apenas três horas no hotel do time.
Wilson Ribeiro, 46, encanador no Rio e vendedor ambulante em Copas -já está em seu sexto Mundial-, vendeu até fotos, em especial de Kaká. ""Trouxe 500 fotos. Restaram só quatro. Mas o produto que mais vende aqui é a bandeira do Brasil", disse.
Duas jovens modelos brasileiras que trabalham em Tóquio e que engrossaram ontem a multidão de fãs da equipe nacional atraíram especial atenção.
No estádio de Omiya, centenas de torcedores puderam não só ver como chamar a atenção dos atletas com gritos e apupos, apesar de os policiais japoneses tentarem controlar a euforia deles.
""Por nós, sempre os torcedores veriam os treinos da seleção. Amanhã [hoje", o treinamento deverá ser aberto para eles também. É uma decisão do grupo. A restrição era uma coisa dos japoneses", disse Rodrigo Paiva, assessor de imprensa da seleção.
A maior proximidade com torcedores na reta final da Copa já denota um clima de oba-oba. E o otimismo exagerado já derrubou o Brasil em outros Mundiais.(FV, FM, JAB, RBU E SR)


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