São Paulo, sábado, 24 de junho de 2006

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A chave certa

Mata-mata começa hoje com o Brasil no lado que reúne os times menos experientes nesse tipo de jogo

EDUARDO ARRUDA
PAULO COBOS
RICARDO PERRONE
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A BERGISCH GLADBACH

Sorte nunca é demais. Que o diga a seleção brasileira.
Com a definição das oitavas-de-final da Copa da Alemanha, o time de Carlos Alberto Parreira se vê no lado da chave repleto de times pouco rodados ou com um longo histórico de fracassos em jogos que são matar ou morrer num Mundial.
Juntos, os sete times que estão na metade brasileira somam apenas 52 séries de mata-mata (em 1934 e 1938, algumas foram decididas em duas partidas). Gana, que será o rival do Brasil, e Equador nunca disputaram uma partida desse tipo em Copas. Com notórios "amarelões", o aproveitamento dos concorrentes brasileiros até as semifinais nesse tipo de confronto não passa de 48%. Quem mais contribui para isso é a Holanda, que só ganhou dois dos dez jogos eliminatórios que já fez. A Inglaterra também está longe de arrancar suspiros na hora H de um Mundial (50%).
Números bem diferentes das oitos seleções que formam a chave encabeçada pela Alemanha e que só podem enfrentar o Brasil na decisão, marcada para 9 de julho, um domingo, no Estádio Olímpico de Berlim.
Nessa metade das oitavas, estão concentradas equipes que já viveram a situação de matar ou morrer numa Copa 102 vezes. E com um aproveitamento bem mais robusto do que os eventuais rivais brasileiros até a fase semifinal: 63%.
Assim, desde já, Parreira e seu time serão poupados até a decisão (caso sigam adiante) de times com notórias histórias de crescimento em fases decisivas.
É o caso, por exemplo, da Itália, que estava no mesmo grupo de Gana e por pouco não virou o rival brasileiro já nas oitavas.
Ninguém entre as grandes seleções cresce tanto na hora H como a Azzurra. Em jogos de fase de grupos, o time da camisa azul tem um aproveitamento de 59%. Na hora do matar ou morrer, cresce para 72%.
Está do outro lado da chave do Brasil também o país que mais sabe o que é uma partida de Copa em que só a vitória (seja no tempo normal, na prorrogação ou nos pênaltis) serve.
A dona da casa Alemanha já fez 37 séries com esse perfil, ou cinco a mais do que o próprio Brasil, o único time a estar em todas as Copas do Mundo.
E Ronaldo e companhia estão livres até a decisão do seu maior rival, a Argentina, que pode medir forças com os alemães já nas quartas-de-final -antes, encara o México.
Os dois grandes times da América do Sul se enfrentaram quatro vezes até hoje por Copas, mas apenas uma na forma matar ou morrer. E os argentinos, com jogada genial de Maradona e gol de Caniggia, levaram a melhor em 90, na Itália.
Após, enfim, ter uma boa apresentação, na despedida da primeira fase (goleada de 4 a 1 sobre o Japão), o Brasil esbanja confiança. Ainda mais por ser o time com melhor aproveitamento em mata-matas -sobreviveu a 78% desses encontros.
"Não temos nenhum jogador machucado, estão todos preparados para entrar nas oitavas. Não ganhou está fora, é tudo ou nada", afirma Parreira.


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