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A chave certa
Mata-mata começa hoje com o Brasil no lado que reúne os times menos experientes nesse tipo de jogo
EDUARDO ARRUDA
PAULO COBOS
RICARDO PERRONE
SÉRGIO RANGEL
ENVIADOS ESPECIAIS A
BERGISCH GLADBACH
Sorte nunca é demais. Que o
diga a seleção brasileira.
Com a definição das oitavas-de-final da Copa da Alemanha,
o time de Carlos Alberto Parreira se vê no lado da chave repleto de times pouco rodados
ou com um longo histórico de
fracassos em jogos que são matar ou morrer num Mundial.
Juntos, os sete times que estão na metade brasileira somam apenas 52 séries de mata-mata (em 1934 e 1938, algumas
foram decididas em duas partidas). Gana, que será o rival do
Brasil, e Equador nunca disputaram uma partida desse tipo
em Copas. Com notórios "amarelões", o aproveitamento dos
concorrentes brasileiros até as
semifinais nesse tipo de confronto não passa de 48%. Quem
mais contribui para isso é a Holanda, que só ganhou dois dos
dez jogos eliminatórios que já
fez. A Inglaterra também está
longe de arrancar suspiros na
hora H de um Mundial (50%).
Números bem diferentes das
oitos seleções que formam a
chave encabeçada pela Alemanha e que só podem enfrentar o
Brasil na decisão, marcada para
9 de julho, um domingo, no Estádio Olímpico de Berlim.
Nessa metade das oitavas, estão concentradas equipes que
já viveram a situação de matar
ou morrer numa Copa 102 vezes. E com um aproveitamento
bem mais robusto do que os
eventuais rivais brasileiros até
a fase semifinal: 63%.
Assim, desde já, Parreira e
seu time serão poupados até a
decisão (caso sigam adiante) de
times com notórias histórias de
crescimento em fases decisivas.
É o caso, por exemplo, da Itália, que estava no mesmo grupo
de Gana e por pouco não virou
o rival brasileiro já nas oitavas.
Ninguém entre as grandes
seleções cresce tanto na hora H
como a Azzurra. Em jogos de
fase de grupos, o time da camisa azul tem um aproveitamento
de 59%. Na hora do matar ou
morrer, cresce para 72%.
Está do outro lado da chave
do Brasil também o país que
mais sabe o que é uma partida
de Copa em que só a vitória (seja no tempo normal, na prorrogação ou nos pênaltis) serve.
A dona da casa Alemanha já
fez 37 séries com esse perfil, ou
cinco a mais do que o próprio
Brasil, o único time a estar em
todas as Copas do Mundo.
E Ronaldo e companhia estão livres até a decisão do seu
maior rival, a Argentina, que
pode medir forças com os alemães já nas quartas-de-final
-antes, encara o México.
Os dois grandes times da
América do Sul se enfrentaram
quatro vezes até hoje por Copas, mas apenas uma na forma
matar ou morrer. E os argentinos, com jogada genial de Maradona e gol de Caniggia, levaram a melhor em 90, na Itália.
Após, enfim, ter uma boa
apresentação, na despedida da
primeira fase (goleada de 4 a 1
sobre o Japão), o Brasil esbanja
confiança. Ainda mais por ser o
time com melhor aproveitamento em mata-matas -sobreviveu a 78% desses encontros.
"Não temos nenhum jogador
machucado, estão todos preparados para entrar nas oitavas.
Não ganhou está fora, é tudo ou
nada", afirma Parreira.
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