Vitória dramática, com gol nos acréscimos, garante os EUA no mata-mata e reúne elementos de emoção do basquete e do futebol americano

EUA 1
Donovan, aos 46min do 2º tempo
Argélia 0

MARIANA BASTOS
DE SÃO PAULO

Se os americanos queriam um bom motivo para virarem fãs de futebol, tiveram vários ontem com a épica classificação do US Team para as oitavas de final da Copa-2010.
Tal qual um bom jogo de basquete, que pode ser decidido nos segundos finais, a vitória por 1 a 0 sobre a Argélia ocorreu nos acréscimos, com um gol de Donovan.
Com esse tento, os EUA pularam da terceira posição para a liderança do Grupo C, garantindo, assim, a classificação para a segunda fase. Seu próximo rival será Gana.
Não é a primeira vez que os americanos conseguem tal feito. A última vez que jogaram o mata-mata do Mundial foi em 2002, quando caíram nas quartas de final. Mas, ontem, após o gol salvador de Donovan, a seleção celebrou como se fosse vitória na final.
Não era para menos. No primeiro tempo, um lance polêmico poderia ter delineado a eliminação americana. Aos 21min, Gomez chutou cruzado e Dempsey empurrou a bola para as redes.
O árbitro belga Frank de Bleeckere apontou impedimento, mas Dempsey estava na mesma linha que Bougherra. Parecia um "déjà-vu" do jogo anterior, contra a Eslovênia, em que o gol que seria da suada virada por 3 a 2 também fora anulado.
O Twitter resumia a indignação da torcida americana diante de mais uma falha da arbitragem. O termo "Another disallowed goal" (outro gol anulado) chegou à lista de dez assuntos mais comentados no microblog.
Para piorar, a Inglaterra logo em seguida fez 1 a 0 na Eslovênia. Com esse resultado, os americanos estariam eliminados. Não havia outra saída senão atacar.

SÓ NA ÚLTIMA CHANCE
E foi justamente isso que os EUA fizeram, mas acabaram se expondo ao ataque argelino. As equipes desperdiçavam chances claras, principalmente os americanos.
Até os 45min da segunda etapa, o time da América do Norte já tinha finalizado 21 vezes a gol, e a Argélia, 19.
Foi justamente no 22º e derradeiro chute que o improvável gol saiu. Os incrédulos rostos pintados de vermelho, branco e azul, que dominavam o estádio Loftus Versfeld, explodiram em alegria quando viram Donovan balançar as redes.
Na comemoração, o jogador lançou-se perto da bandeirinha de escanteio e quase todos seus companheiros, inclusive os reservas, fizeram um "montinho" sobre ele. Parecia um touchdown. O soccer se aproximava de seu primo mais famoso na "América", o futebol americano.
"Eu costumava encarar uma partida de futebol somente como um jogo e percebi, particularmente neste torneio, que é mais do que isso", avaliou Donovan, o novo herói americano, após o duelo.


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