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TÊNIS
Número 1, 2 ou 27
RÉGIS ANDAKU
COLUNISTA DA FOLHA
Concordo que não foi uma
tarefa das mais simples. Que
não foi uma decisão fácil de ser
tomada, simplesmente, do dia para a noite.
Saber a hora certa de colocar o
número um do mundo em uma
mesa de cirurgia foi, sem dúvida,
uma das decisões mais importantes que o estafe de Gustavo Kuerten tomou até agora.
Lembro, antes de fazer qualquer comentário sobre a operação à época, no fim de fevereiro,
ter consultado alguns especialistas, tanto em tênis como em medicina, assim como em planejamento esportivo.
Alguns médicos, antes de mais
nada, revelaram espanto com o
tempo que havia se passado desde
o surgimento das primeiras dores
até a intervenção cirúrgica. Para
eles, um tempo excessivo, de desgaste físico e psicológico, que fez
da operação algo doloroso e inevitável para Kuerten.
Outros, especialistas em esporte,
em gerenciar carreira de outros
atletas de ponta, viram um motivo óbvio para essa "demora" em
submeter o atleta: os contratos
que estavam para vencer ao fim
da temporada.
Para um deles, que já administrou outro grande atleta nacional, adiar a operação era a única
opção para obter valores polpudos nos contratos que foram fechados antes desta temporada.
Para outro, não batia o tempo da
recuperação com o calendário do
circuito profissional e era no mínimo burro fazer o tenista brigar
contra o tempo para jogar o Aberto da França, em Roland Garros.
Em nenhum momento, porém,
parece que essas dúvidas e preocupações tinham qualquer importância. Os responsáveis pela
carreira do tenista sempre venderam a idéia de que o brasileiro estava em ótima situação, sendo
submetido a uma delicada cirurgia no tempo certo, com a recuperação exata.
Veio, depois, Wimbledon. E novamente o argumento de que,
melhor do que jogar o torneio inglês, era se preparar.
Agora, então, chegou a hora de
deslanchar e ver que, sim, tudo está como planejado pelos mentores
do ex-número um do mundo.
Gustavo Kuerten tem, a partir
de agora, 1.075 pontos a defender
nas próximas semanas.
Não será nada fácil. Nesta semana, já são 75 pontos em Los
Angeles (que ele começaria a defender ontem à noite, após o fechamento desta coluna).
Depois, outros 75 pontos das oitavas-de-final em Montreal, 500
do título em Cincinnati na última
temporada, 175 do vice-campeonato em Indianápolis e nada menos que 250 com as quartas-de-final do Aberto dos EUA.
Não vai ser em um piso em que
gosta de jogar, não será em lugares onde as pessoas o façam se
sentir em casa. E, pior, será durante um período em que o brasileiro ainda não se firmou.
A situação só não parece muito
mais nebulosa porque, neste ano,
o número de adversários em
grande fase parece ser menor.
Pete Sampras já não oferece
grande perigo, Andre Agassi anda um tanto trôpego, Juan Carlos
Ferrero não deslanchou, Marat
Safin não emplacou, e Lleyton
Hewitt, por ora, sofre com uma
gastroenterite.
Ou seja: chegou a hora de ver
Gustavo Kuerten se recuperar e
voltar ao top ten.
Ou, o que seria estranho, mas
longe de ser humilhante, ver Gustavo Kuerten número 27 do ranking mundial.
Entre as garotas
As brasileiras caíram em Campos do Jordão. Na final, Maria Fernanda Alves perdeu de Jolanda Mens (HOL). Falta patrocínio, incentivo, intercâmbio, mas principalmente suporte psicológico.
Entre os meninos
Alexandre Bonatto foi campeão brasileiro, em Brasília. Nesta semana, rola etapa da Credicard Visa Juniors Cup, em Goiânia.
Entre os garotos
Nesta semana é a vez de os homens disputarem o challenger no Tênis Clube de Campos do Jordão. A entrada é gratuita.
Entre os grandões
Boa vitória, a de André Sá sobre Julian Knowle em Kitzbuehel. Está
mesmo em boa fase. Do lado oposto, Alexandre Simoni não consegue ir bem. Flávio Saretta mostra, mais uma vez, irregularidade.
E-mail reandaku@uol.com.br
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