São Paulo, domingo, 24 de julho de 2005

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FUTEBOL

Real Madrid x Santos

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

O caso Robinho é o que há de mais atual e polêmico no futebol, mas a relação entre Real Madrid e Santos nunca foi boa.
Os clubes que formaram os mais decantados esquadrões se esbarraram algumas vezes e travam uma Guerra Fria ao longo dos tempos. A Fifa deu o título de time do século 20 ao gigante espanhol, deixando os santistas na 5ª posição (o melhor das Américas), mas elegeu Pelé como o melhor de todos os tempos, não Di Stéfano.
O Real Madrid é um dos fundadores da Fifa e sempre teve relação estreita com a entidade. Foi decisivo até para a criação da Libertadores -sul-americanos ansiavam por duelo com a poderosa equipe espanhola para testar sua aura de melhor do planeta.
O Santos, no auge do rival madrileno e com Pelé tinindo, pisou pela primeira vez na Europa. Como conta o historiador santista Francisco Mendes Fernandes, em 1959, com o Brasil campeão do mundo e o ""Rei" batendo recorde de gols, veio giro por vários países, como Alemanha, Holanda e Espanha. No dia 17 de junho, duas semanas depois de o Real Madrid conquistar seu quarto título europeu seguido, o Santos o encarava em sua casa. De um lado, Di Stéfano com 32 anos. Do outro, Pelé com 18 aninhos. O Real joga de camisas de mangas compridas, calções e meias escuros. O visitante vai todo de branco e mangas curtas. Era um tira-teima. Não havia ainda Mundial interclubes, e a Europa via o duelo como uma disputa pelo trono.
O Real homenageava Miguel Muñoz. Vinha com suas maiores feras, como Santamaría, Mateos, Di Stéfano, Del Sol e Gaínza, com Puskas e Gento entrando durante o duelo. O Santos fazia seu 14º jogo na volta pela Europa, quando atuou com menos de dois dias de intervalo entre uma partida e outra. Chegava da Holanda com baixas e jogou assim: Lalá; Getúlio, Pavão, Ramiro e Dalmo; Zito e Álvaro (Afonsinho); Durval, Pagão (Coutinho), Pelé e Pepe.
O árbitro da casa, R. Marín, expulsou Afonsinho. Mateos roubou a cena e marcou três vezes. Coutinho, Pelé e Pepe fizeram três para o time da Vila. Puskas anotou o seu, e o Santos pressionava na tentativa do 4 a 4. O rápido Gento escapou pela esquerda, superou o lento Getúlio (relato de Lalá) e definiu o placar em 5 a 3.
Cansado, o Santos pediu revanche. Não houve. Em 1962, o Real perdeu a final da Copa dos Campeões por 5 a 3 para o Benfica, vítima do Santos no Mundial interclubes. Em 1965, o Real foi a Buenos Aires com o Santos para quadrangular com Boca e River. Os dois deveriam decidir o título, mas os espanhóis abriram mão do confronto (o Santos levou a taça). Também desistiram da Recopa intercontinental em 1968 (o Santos pegou o troféu). Medo?
Duelos entre os dois só décadas depois. Na Vila em 1996, 2 a 0 Santos na despedida de Giovanni para o Barcelona. Em Madri em 2000, Real 2 a 0, em jogo que até hoje é destaque em pôster na sala do presidente Marcelo Teixeira.
Duas camisas brancas, eternas. Robinho, que sonhava jogar no Barcelona, virou casaca e reacendeu secular rivalidade. Será ele o Pelé que o Real pôde comprar?

Real Madrid x São Paulo
O gigante espanhol já pegou 12 times brasileiros e é freguês do tricolor. Pelo "Almanaque do São Paulo", foram cinco vitórias são-paulinas e dois empates (14 gols tricolores e quatro merengues). Em 63, o São Paulo fez 2 a 1 em Santamaría, Evaristo, Puskas e Gento e ganhou a Pequena Copa do Mundo com 0 a 0 contra esse esquadrão mais Di Stéfano. O time de Telê aplicou 4 a 0 em 92 pelo Ramón de Carranza.

Real Madrid x Palmeiras
Segundo o ""Almanaque do Palmeiras", foram duas vitórias alviverdes contra uma madrilena (sete gols palestrinos e quatro espanhóis).

Real Madrid x Corinthians
Três empates, um no Mundial de Clubes da Fifa e dois na Espanha.


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