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FUTEBOL
Real Madrid x Santos
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
O caso Robinho é o que há de
mais atual e polêmico no futebol, mas a relação entre Real
Madrid e Santos nunca foi boa.
Os clubes que formaram os
mais decantados esquadrões se
esbarraram algumas vezes e travam uma Guerra Fria ao longo
dos tempos. A Fifa deu o título de
time do século 20 ao gigante espanhol, deixando os santistas na 5ª
posição (o melhor das Américas),
mas elegeu Pelé como o melhor de
todos os tempos, não Di Stéfano.
O Real Madrid é um dos fundadores da Fifa e sempre teve relação estreita com a entidade. Foi
decisivo até para a criação da Libertadores -sul-americanos ansiavam por duelo com a poderosa
equipe espanhola para testar sua
aura de melhor do planeta.
O Santos, no auge do rival madrileno e com Pelé tinindo, pisou
pela primeira vez na Europa. Como conta o historiador santista
Francisco Mendes Fernandes, em
1959, com o Brasil campeão do
mundo e o ""Rei" batendo recorde
de gols, veio giro por vários países,
como Alemanha, Holanda e Espanha. No dia 17 de junho, duas
semanas depois de o Real Madrid
conquistar seu quarto título europeu seguido, o Santos o encarava
em sua casa. De um lado, Di Stéfano com 32 anos. Do outro, Pelé
com 18 aninhos. O Real joga de
camisas de mangas compridas,
calções e meias escuros. O visitante vai todo de branco e mangas
curtas. Era um tira-teima. Não
havia ainda Mundial interclubes,
e a Europa via o duelo como uma
disputa pelo trono.
O Real homenageava Miguel
Muñoz. Vinha com suas maiores
feras, como Santamaría, Mateos,
Di Stéfano, Del Sol e Gaínza, com
Puskas e Gento entrando durante
o duelo. O Santos fazia seu 14º jogo na volta pela Europa, quando
atuou com menos de dois dias de
intervalo entre uma partida e outra. Chegava da Holanda com
baixas e jogou assim: Lalá; Getúlio, Pavão, Ramiro e Dalmo; Zito
e Álvaro (Afonsinho); Durval, Pagão (Coutinho), Pelé e Pepe.
O árbitro da casa, R. Marín, expulsou Afonsinho. Mateos roubou a cena e marcou três vezes.
Coutinho, Pelé e Pepe fizeram três
para o time da Vila. Puskas anotou o seu, e o Santos pressionava
na tentativa do 4 a 4. O rápido
Gento escapou pela esquerda, superou o lento Getúlio (relato de
Lalá) e definiu o placar em 5 a 3.
Cansado, o Santos pediu revanche. Não houve. Em 1962, o Real
perdeu a final da Copa dos Campeões por 5 a 3 para o Benfica, vítima do Santos no Mundial interclubes. Em 1965, o Real foi a Buenos Aires com o Santos para quadrangular com Boca e River. Os
dois deveriam decidir o título,
mas os espanhóis abriram mão
do confronto (o Santos levou a taça). Também desistiram da Recopa intercontinental em 1968 (o
Santos pegou o troféu). Medo?
Duelos entre os dois só décadas
depois. Na Vila em 1996, 2 a 0
Santos na despedida de Giovanni
para o Barcelona. Em Madri em
2000, Real 2 a 0, em jogo que até
hoje é destaque em pôster na sala
do presidente Marcelo Teixeira.
Duas camisas brancas, eternas.
Robinho, que sonhava jogar no
Barcelona, virou casaca e reacendeu secular rivalidade. Será ele o
Pelé que o Real pôde comprar?
Real Madrid x São Paulo
O gigante espanhol já pegou 12 times brasileiros e é freguês do tricolor. Pelo "Almanaque do São Paulo", foram cinco vitórias são-paulinas e dois empates (14 gols tricolores e quatro merengues). Em 63, o
São Paulo fez 2 a 1 em Santamaría, Evaristo, Puskas e Gento e ganhou
a Pequena Copa do Mundo com 0 a 0 contra esse esquadrão mais Di
Stéfano. O time de Telê aplicou 4 a 0 em 92 pelo Ramón de Carranza.
Real Madrid x Palmeiras
Segundo o ""Almanaque do Palmeiras", foram duas vitórias alviverdes contra uma madrilena (sete gols palestrinos e quatro espanhóis).
Real Madrid x Corinthians
Três empates, um no Mundial de Clubes da Fifa e dois na Espanha.
E-mail: rbueno@folhasp.com.br
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