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Será?
Com os triunfos de ontem, Brasil iguala o número de ouros ganhos há quatro anos e, surpreendente,
persegue Cuba no quadro de medalhas
PAULO COBOS
RODRIGO MATTOS
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO
Com pouco mais da metade
das medalhas do Pan já distribuída -179 competições realizadas de um total de 329-, o
país anfitrião alcançou ontem,
12º dos 18 dias de competição,
um marco no quadro de medalhas. E ficou próximo de outro,
desejo velado, cenário inimaginável tempos atrás -ainda um
sonho, mas que por momentos,
ontem, mesmo que por poucas
horas, quase se concretizou.
Ontem à noite, o país chegou
ao 29º ouro, com Fabiana Murer no salto com vara -antes
ganhara o 27º (esqui aquático)
e o 28º (pentatlo moderno). O
resultado igualou o número de
vitórias no Pan de Santo Domingo-2003. Um ouro hoje já
faz do Pan do Rio o melhor da
história do Brasil, desejo óbvio
do Comitê Olímpico Brasileiro.
O terceiro lugar no quadro,
meta inicial dos cartolas, está
praticamente garantido, pois o
Canadá soma só 15 ouros.
O outro marco, o do sonho,
tem Cuba na alça de mira. O
Brasil tem só dois ouros a menos que os cubanos. A diretoria
do COB, porém, não crê que o
país supere a ilha caribenha.
Um diagnóstico: o Brasil já
verifica um aumento significativo do percentual de ouros entre as suas premiações, em uma
mudança de seu perfil histórico. Esse desempenho brasileiro
reduz a diferença de performance em relação às potências
continentais, EUA e Cuba.
O Brasil soma 32,2% de ouros entre suas 91 medalhas no
Rio. Desde 1951, nas 14 edições
de Pans anteriores, só 24,4%
das medalhas brasileiras foram
de ouro -187 em 766.
"Acho que esse percentual
[de ouros] não vai ficar tão pesado no final. Mas deve ficar
acima dos outros Pans", disse o
chefe de missão da equipe brasileira, Marcus Vinícius Freire.
Para efeito de comparação,
os EUA ganharam 3.679 medalhas em 14 Pans, com 44,9% de
ouros. Já Cuba teve 43,5% títulos entre as suas 1.658 premiações. No Rio, os cubanos estão
ainda melhor: 47,7% de ouros.
O salto de desempenho brasileiro foi mais acentuado entre
as mulheres. Em Santo Domingo, elas contribuíram com pouco menos de um terço das medalhas. Até ontem, já foram responsáveis por 42,9% delas.
Para o COB, a evolução deve-se ao fato de o Pan ser no Brasil
-o país-sede sempre dá um salto- e à melhor preparação por
conta dos recursos da Lei Piva.
O governo federal destina cerca
de R$ 60 milhões por ano ao
COB e confederações.
Mas há também fatores externos. Apesar da injeção de dinheiro da Venezuela, por meio
de Hugo Chávez, Cuba sofreu
queda na qualidade de sua
equipe por conta das dificuldades enfrentadas pelo país.
A equipe de futsal, por exemplo, não tinha bola para treinar
por cinco meses, do final do ano
passado até o início de 2007.
Mais uma vez, Canadá e EUA
mandaram suas equipes B em
boa parte dos esportes. Os dois
países já deixaram claro que o
Pan serve apenas como preparação para os Jogos de Pequim.
Tanto que nem traçam metas
de medalhas, como o Brasil.
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