São Paulo, terça-feira, 24 de julho de 2007

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Será?

Com os triunfos de ontem, Brasil iguala o número de ouros ganhos há quatro anos e, surpreendente, persegue Cuba no quadro de medalhas

PAULO COBOS
RODRIGO MATTOS
ENVIADOS ESPECIAIS AO RIO

Com pouco mais da metade das medalhas do Pan já distribuída -179 competições realizadas de um total de 329-, o país anfitrião alcançou ontem, 12º dos 18 dias de competição, um marco no quadro de medalhas. E ficou próximo de outro, desejo velado, cenário inimaginável tempos atrás -ainda um sonho, mas que por momentos, ontem, mesmo que por poucas horas, quase se concretizou.
Ontem à noite, o país chegou ao 29º ouro, com Fabiana Murer no salto com vara -antes ganhara o 27º (esqui aquático) e o 28º (pentatlo moderno). O resultado igualou o número de vitórias no Pan de Santo Domingo-2003. Um ouro hoje já faz do Pan do Rio o melhor da história do Brasil, desejo óbvio do Comitê Olímpico Brasileiro.
O terceiro lugar no quadro, meta inicial dos cartolas, está praticamente garantido, pois o Canadá soma só 15 ouros.
O outro marco, o do sonho, tem Cuba na alça de mira. O Brasil tem só dois ouros a menos que os cubanos. A diretoria do COB, porém, não crê que o país supere a ilha caribenha.
Um diagnóstico: o Brasil já verifica um aumento significativo do percentual de ouros entre as suas premiações, em uma mudança de seu perfil histórico. Esse desempenho brasileiro reduz a diferença de performance em relação às potências continentais, EUA e Cuba.
O Brasil soma 32,2% de ouros entre suas 91 medalhas no Rio. Desde 1951, nas 14 edições de Pans anteriores, só 24,4% das medalhas brasileiras foram de ouro -187 em 766.
"Acho que esse percentual [de ouros] não vai ficar tão pesado no final. Mas deve ficar acima dos outros Pans", disse o chefe de missão da equipe brasileira, Marcus Vinícius Freire.
Para efeito de comparação, os EUA ganharam 3.679 medalhas em 14 Pans, com 44,9% de ouros. Já Cuba teve 43,5% títulos entre as suas 1.658 premiações. No Rio, os cubanos estão ainda melhor: 47,7% de ouros.
O salto de desempenho brasileiro foi mais acentuado entre as mulheres. Em Santo Domingo, elas contribuíram com pouco menos de um terço das medalhas. Até ontem, já foram responsáveis por 42,9% delas.
Para o COB, a evolução deve-se ao fato de o Pan ser no Brasil -o país-sede sempre dá um salto- e à melhor preparação por conta dos recursos da Lei Piva. O governo federal destina cerca de R$ 60 milhões por ano ao COB e confederações.
Mas há também fatores externos. Apesar da injeção de dinheiro da Venezuela, por meio de Hugo Chávez, Cuba sofreu queda na qualidade de sua equipe por conta das dificuldades enfrentadas pelo país.
A equipe de futsal, por exemplo, não tinha bola para treinar por cinco meses, do final do ano passado até o início de 2007.
Mais uma vez, Canadá e EUA mandaram suas equipes B em boa parte dos esportes. Os dois países já deixaram claro que o Pan serve apenas como preparação para os Jogos de Pequim. Tanto que nem traçam metas de medalhas, como o Brasil.


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