São Paulo, Sábado, 24 de Julho de 1999
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F-1
Segundo o piloto que dirigiu o carro médico, acidente poderia ter sido muito pior
Pneus "carimbaram" Schumacher

FÁBIO SEIXAS
enviado especial a Zeltweg

Michael Schumacher recebeu dois fortes impactos na cabeça no momento da batida -da barreira de pneus e do volante de sua Ferrari- e só escapou de uma fratura na vértebra graças ao atual regulamento da F-1.
Quem contou à Folha esses detalhes foi o brasileiro Alex Dias Ribeiro, que dirigiu o carro médico que socorreu o piloto alemão.
Na companhia de Sid Watkins, médico da FIA (entidade máxima do automobilismo), ele chegou ao local do acidente instantes após a batida, na primeira volta do GP da Inglaterra, há exatos 13 dias.
E, até que Schumacher fosse levado à ambulância, acompanhou o trabalho do time de primeiros socorros, que a organização da prova escondeu com uma cortina das câmeras da televisão.
Segundo Dias Ribeiro, 50, que disputou dez provas na F-1 na década de 70, Schumacher primeiro recebeu uma "carimbada" da proteção de pneus, que, diferentemente de outros circuitos, não estava coberta por uma tela.
"O carro penetrou muito na barreira", disse Ribeiro, ontem na Áustria. "Se fosse com as regras antigas da F-1, da época da morte do (Ayrton) Senna, ele poderia ter se machucado muito mais."
Em relação a 1994, quando Senna morreu, o regulamento hoje é mais exigente no quesito segurança. As paredes do cockpit, por exemplo, são mais altas e espessas, restringindo o movimento da cabeça dos pilotos.
Se houvesse uma "folga" maior, Schumacher, segundo Dias Ribeiro, poderia ter fraturado uma vértebra, com o vaivém de sua cabeça no momento da batida.
O segundo impacto sofrido pelo alemão ocorreu devido a um problema na coluna de direção. Todo o sistema se soltou com a batida e acertou a viseira do capacete.
"Até os botões do volante ficaram marcados", detalhou Dias Ribeiro. "E havia borracha dos pneus desde a frente do capacete até a parte de trás."
Os médicos que atenderam Schumacher no local da batida entregaram ao brasileiro o capacete do piloto ferrarista.
O acidente de Schumacher no GP da Inglaterra praticamente o tirou da disputa do Mundial de Pilotos. Ele fraturou tíbia e fíbula da perna direita, foi operado e, na melhor das estimativas, só voltará à F-1 no GP da Bélgica, em 29 de agosto. Assim, perderá, no mínimo, três corridas. Apenas uma sequência de péssimos resultados de Mika Hakkinen, da McLaren, o recolocaria na competição.
Ontem, nos primeiros treinos livres para o GP da Áustria, a McLaren foi bem. Hakkinen foi o segundo mais rápido, seguido por David Coulthard, seu companheiro de equipe. O inglês Damon Hill, da Jordan, foi o melhor.
A Ferrari, que experimenta pela primeira vez o finlandês Mika Salo no lugar de Schumacher, teve um péssimo dia em Zeltweg.
Eddie Irvine foi o nono. Salo ficou em 16º, atrás até de Marc Gené e Luca Badoer, a dupla da Minardi, a pior equipe da F-1.
NA TV - Treino oficial para o GP da Áustria, Globo, ao vivo, às 9h


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