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MOTOR
Até 2005
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE
Montoya renovou com a
Williams até 2004. Quase
todo mundo que interessa tem
contrato até 2004. A F-1 continuará vermelha até 2004. A categoria só voltará ao normal -se é
que um dia chegou a ser normal-, quem sabe, em 2005.
Até lá, prepare-se, assistiremos
a vários GPs da Hungria, como o
do domingo passado, espécie de
supra-sumo do domínio ferrarista, com a dupla Schumacher-Barrichello, ôps, inverteram agora,
Barrichello-Schumacher, praticamente brincando de correr.
A exceção à regra seria a McLaren, que manterá seus pilotos
apenas até o final da próxima
temporada. Mas a escuderia inglesa não entra na conta, está em
aguda fase de restruturação, tentando tapar a cratera que significa a saída de Adrian Newey -o
projetista quer se dedicar ao desenho de um barco para a America's Cup, brinquedinho bem mais
caro que um carro de F-1.
(Em tempo, tido como sujeito
frio e competente, Ron Dennis
mais uma vez provou que lhe falta algo; também por causa de Newey, que há tempos pede para
sair do time, mas é retido por pura vaidade do dirigente, a McLaren entrou em queda livre).
A verdade é que Schumacher
domina o mercado. Ninguém sabe o que ele fará ao final do contrato, se vai se aposentar, se vai
ser dirigente da Ferrari ou se vai
ver os filhos crescerem na Suíça.
Ou, pior, se vai continuar a correr
e se vai continuar a fazer isso por
Maranello. Até o alemão decidir
qualquer coisa, a F-1 atual só vai
viver até o fim de (de novo) 2004.
Se a cristalização das grandes
forças da categoria não parece suficiente para o leitor imaginar a
pasmaceira das duas próximas
temporadas, acrescento mais um
dado, que me parece ainda mais
importante, a tal da crise.
Qual seria a motivação de qualquer executivo de montadora em
gastar uma fortuna para atingir
um time que tem razões de sobra
para torrar uma fortuna ainda
maior? Como é sabido, a marca
Ferrari é, digamos, a parte boa da
matriz Fiat, que faz de tudo para
ser comprada pela GM -e advinha até quando vale a opção da
montadora norte-americana?
Em um cenário de retração como o de agora e de poucas perspectivas de melhora, parece bem
difícil assinar qualquer cheque
para um mercado de futuro. Só a
Ferrari tem motivos para isso. E,
como comentado na coluna da
semana passada, o que ficaria
mais barato, torrar os tubos agora ou gastar menos dinheiro em
um planejamento de longo prazo? Ao manter seus dois pilotos
até 2004 e requalificar seu departamento de engenharia, a Wil-liams fez sua parte no longo prazo. A BMW também deve estar
fazendo a sua. E esse tal de longo
prazo, esta anódina temporada
comprova, tem como extremo
não 2003 ou 2004, mas 2005.
Por mais que os times novos
apareçam bem -vã esperança,
descrita também no último sábado-, por mais que a McLaren
acerte com seu novo grupo de projetistas, por mais que surja do
além um novo Schumacher, a F-1
parece um jogo claramente definido pelos próximos anos.
E a única chance desse prognóstico se alterar, além de o mundo
se enriquecer de uma hora para
outra e todo mundo passar a
comprar carro, seria a Ferrari viver uma crise interna de qualquer
espécie. Obviamente menos que a
primeira, tal possibilidade é, por
enquanto, bastante pequena.
Ford
Ainda em Budapeste, Eddie Jordan confirmou a parceira formal
com a Ford, contestada pela coluna. Mas a história continua mal
contada. Niki Lauda disse que a equipe vai pagar pelos motores para a Cosworth (com o dinheiro da rescisão da Honda), e o irlandês
jura que vai ter o símbolo oval na carenagem. A conferir.
Piquet
Outra história mal contada, o episódio de um segurança do tricampeão que teria ameaçado com uma arma Thiago Medeiros, em
Fortaleza, no último fim de semana. Tudo isso após um protesto
dos pilotos no grid de largada e uma carta enviada à FIA com denúncias de favorecimento à equipe Piquet Sports no Sul-Americano de F-3. Um dos principais times do campeonato já anunciou
mudança para a F-Renault. As etapas brasileiras estão suspensas.
Não sei se Piquet filho precisa disso para vencer, mas é certo que
Piquet pai não precisava de um escândalo para celebrar 50 anos.
E-mail mariante@uol.com.br
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