São Paulo, sábado, 24 de agosto de 2002

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MOTOR

Até 2005

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
EDITOR-ADJUNTO DE ESPORTE

Montoya renovou com a Williams até 2004. Quase todo mundo que interessa tem contrato até 2004. A F-1 continuará vermelha até 2004. A categoria só voltará ao normal -se é que um dia chegou a ser normal-, quem sabe, em 2005.
Até lá, prepare-se, assistiremos a vários GPs da Hungria, como o do domingo passado, espécie de supra-sumo do domínio ferrarista, com a dupla Schumacher-Barrichello, ôps, inverteram agora, Barrichello-Schumacher, praticamente brincando de correr.
A exceção à regra seria a McLaren, que manterá seus pilotos apenas até o final da próxima temporada. Mas a escuderia inglesa não entra na conta, está em aguda fase de restruturação, tentando tapar a cratera que significa a saída de Adrian Newey -o projetista quer se dedicar ao desenho de um barco para a America's Cup, brinquedinho bem mais caro que um carro de F-1.
(Em tempo, tido como sujeito frio e competente, Ron Dennis mais uma vez provou que lhe falta algo; também por causa de Newey, que há tempos pede para sair do time, mas é retido por pura vaidade do dirigente, a McLaren entrou em queda livre).
A verdade é que Schumacher domina o mercado. Ninguém sabe o que ele fará ao final do contrato, se vai se aposentar, se vai ser dirigente da Ferrari ou se vai ver os filhos crescerem na Suíça. Ou, pior, se vai continuar a correr e se vai continuar a fazer isso por Maranello. Até o alemão decidir qualquer coisa, a F-1 atual só vai viver até o fim de (de novo) 2004.
Se a cristalização das grandes forças da categoria não parece suficiente para o leitor imaginar a pasmaceira das duas próximas temporadas, acrescento mais um dado, que me parece ainda mais importante, a tal da crise.
Qual seria a motivação de qualquer executivo de montadora em gastar uma fortuna para atingir um time que tem razões de sobra para torrar uma fortuna ainda maior? Como é sabido, a marca Ferrari é, digamos, a parte boa da matriz Fiat, que faz de tudo para ser comprada pela GM -e advinha até quando vale a opção da montadora norte-americana?
Em um cenário de retração como o de agora e de poucas perspectivas de melhora, parece bem difícil assinar qualquer cheque para um mercado de futuro. Só a Ferrari tem motivos para isso. E, como comentado na coluna da semana passada, o que ficaria mais barato, torrar os tubos agora ou gastar menos dinheiro em um planejamento de longo prazo? Ao manter seus dois pilotos até 2004 e requalificar seu departamento de engenharia, a Wil-liams fez sua parte no longo prazo. A BMW também deve estar fazendo a sua. E esse tal de longo prazo, esta anódina temporada comprova, tem como extremo não 2003 ou 2004, mas 2005.
Por mais que os times novos apareçam bem -vã esperança, descrita também no último sábado-, por mais que a McLaren acerte com seu novo grupo de projetistas, por mais que surja do além um novo Schumacher, a F-1 parece um jogo claramente definido pelos próximos anos.
E a única chance desse prognóstico se alterar, além de o mundo se enriquecer de uma hora para outra e todo mundo passar a comprar carro, seria a Ferrari viver uma crise interna de qualquer espécie. Obviamente menos que a primeira, tal possibilidade é, por enquanto, bastante pequena.

Ford
Ainda em Budapeste, Eddie Jordan confirmou a parceira formal com a Ford, contestada pela coluna. Mas a história continua mal contada. Niki Lauda disse que a equipe vai pagar pelos motores para a Cosworth (com o dinheiro da rescisão da Honda), e o irlandês jura que vai ter o símbolo oval na carenagem. A conferir.

Piquet
Outra história mal contada, o episódio de um segurança do tricampeão que teria ameaçado com uma arma Thiago Medeiros, em Fortaleza, no último fim de semana. Tudo isso após um protesto dos pilotos no grid de largada e uma carta enviada à FIA com denúncias de favorecimento à equipe Piquet Sports no Sul-Americano de F-3. Um dos principais times do campeonato já anunciou mudança para a F-Renault. As etapas brasileiras estão suspensas. Não sei se Piquet filho precisa disso para vencer, mas é certo que Piquet pai não precisava de um escândalo para celebrar 50 anos.

E-mail mariante@uol.com.br



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