São Paulo, terça-feira, 24 de agosto de 2004

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VELA

Brasileiro surpreende e entra amanhã na 11ª e última regata da classe como líder

Após pagar treinos de rivais, Bimba se torna favorito na mistral

DO ENVIADO A ATENAS

Seu nome não estava na lista dos favoritos. Sua classe nunca rendeu medalhas ao Brasil. Mas Ricardo Winicki Santos surpreendeu. Agora, a uma regata do término da classe mistral em Atenas, o brasileiro aparece como principal candidato ao ouro.
Seria o segundo da vela, que já assistiu ao triunfo de Robert Scheidt no barco da laser.
Ontem, no penúltimo dia de disputas, Bimba, como Winicki é conhecido, chegou em nono e em primeiro lugar nas duas provas disputadas. Com isso, assumiu a liderança do torneio, seguido pelo israelense Gal Fridman e do grego Nikolaos Kaklamanakis.
Hoje os velejadores descansam para a 11ª e derradeira regata, que será realizada amanhã.
A matemática para a conquista da medalha é simples. Se não quiser depender dos adversários, o brasileiro precisa de um terceiro posto para ficar com o ouro e um quinto para abocanhar a prata.
Caso termine o dia entre os 15 melhores do dia, ocupa ao menos o último lugar no pódio.
Seus dois principais concorrentes conhecem o local da prova melhor do que ele. Mesmo assim, nada de nervosismo. "Estou super tranqüilo. Chegar até aqui já foi uma evolução fantástica. Na última Olimpíada, eu terminei em 15º", diz o atleta de 23 anos.
Ele explica que já está "orgulhoso do que fez", principalmente quando relembra os detalhes de sua preparação. A mistral, também chamada de prancha à vela é, como o próprio define, o "patinho feio" da modalidade.
Motivo: não reúne no Brasil muitos competidores, como faz a laser de Scheidt e a star de Torben Grael e Marcelo Ferreira.
Resultado: ele tem poucos colegas para treinar a seu lado.
A solução para assegurar um bom apronto antes de embarcar para a Grécia veio de improviso.
Nos últimos seis meses, convidou mais de 20 esportistas de diferentes países para ficarem hospedados na casa de seu pai, em Búzios (RJ), onde também vive.
"Eu não cobro nada deles. Pago todos os gastos deles na viagem. A única coisa que quero é que treinem comigo", diz.
A estratégia da boa vizinhança já surtiu efeitos em Atenas.
"Os atletas que passaram algum tempo comigo me vêem na regata e gritam "vai, Bimba, você consegue, você pode ganhar". Acho que o grego e o israelense não contam com um incentivo desse", afirma ele. (GUILHERME ROSEGUINI)


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