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VELA
Brasileiro surpreende e entra amanhã na 11ª e última regata da classe como líder
Após pagar treinos de rivais, Bimba se torna favorito na mistral
DO ENVIADO A ATENAS
Seu nome não estava na lista
dos favoritos. Sua classe nunca
rendeu medalhas ao Brasil. Mas
Ricardo Winicki Santos surpreendeu. Agora, a uma regata do
término da classe mistral em Atenas, o brasileiro aparece como
principal candidato ao ouro.
Seria o segundo da vela, que já
assistiu ao triunfo de Robert
Scheidt no barco da laser.
Ontem, no penúltimo dia de
disputas, Bimba, como Winicki é
conhecido, chegou em nono e em
primeiro lugar nas duas provas
disputadas. Com isso, assumiu a
liderança do torneio, seguido pelo
israelense Gal Fridman e do grego
Nikolaos Kaklamanakis.
Hoje os velejadores descansam
para a 11ª e derradeira regata, que
será realizada amanhã.
A matemática para a conquista
da medalha é simples. Se não quiser depender dos adversários, o
brasileiro precisa de um terceiro
posto para ficar com o ouro e um
quinto para abocanhar a prata.
Caso termine o dia entre os 15
melhores do dia, ocupa ao menos
o último lugar no pódio.
Seus dois principais concorrentes conhecem o local da prova
melhor do que ele. Mesmo assim,
nada de nervosismo. "Estou super tranqüilo. Chegar até aqui já
foi uma evolução fantástica. Na
última Olimpíada, eu terminei em
15º", diz o atleta de 23 anos.
Ele explica que já está "orgulhoso do que fez", principalmente
quando relembra os detalhes de
sua preparação. A mistral, também chamada de prancha à vela é,
como o próprio define, o "patinho feio" da modalidade.
Motivo: não reúne no Brasil
muitos competidores, como faz a
laser de Scheidt e a star de Torben
Grael e Marcelo Ferreira.
Resultado: ele tem poucos colegas para treinar a seu lado.
A solução para assegurar um
bom apronto antes de embarcar
para a Grécia veio de improviso.
Nos últimos seis meses, convidou mais de 20 esportistas de diferentes países para ficarem hospedados na casa de seu pai, em Búzios (RJ), onde também vive.
"Eu não cobro nada deles. Pago
todos os gastos deles na viagem. A
única coisa que quero é que treinem comigo", diz.
A estratégia da boa vizinhança
já surtiu efeitos em Atenas.
"Os atletas que passaram algum
tempo comigo me vêem na regata
e gritam "vai, Bimba, você consegue, você pode ganhar". Acho que
o grego e o israelense não contam
com um incentivo desse", afirma
ele.
(GUILHERME ROSEGUINI)
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