São Paulo, quarta-feira, 24 de agosto de 2005

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FUTEBOL

Para homenagear o colega que se despede hoje, santistas fazem para craque um DVD com antologia de sua carreira

Santos cria "Robinho Eterno" para adeus

KLEBER TOMAZ
ENVIADO ESPECIAL A BELÉM

A última relíquia de Robinho no Santos, sua camisa 7, não será trocada com nenhum jogador do Paysandu, hoje, às 21h45, no Mangueirão, em Belém, pelo Nacional, em sua despedida do clube e do futebol brasileiro.
De malas prontas para vestir a 10 do Real Madrid, o atacante prometeu entregar a camisa para uma "velhinha" que mora em seu prédio, segundo relatou o craque ontem à Folha durante o vôo da equipe até Belém.
"Ela mora no mesmo edifício que eu em Santos e me pediu a camisa. Não sei seu nome, mas prometi a ela", declarou Robinho, que desde a saída do aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, dormiu praticamente a viagem toda.
Caso balance as redes hoje à noite, a estrela santista das pedaladas, que custou US$ 30 milhões ao Real, também já sabe a quem irá endereçar sua última comemoração no clube. "Espero fazer algum gol e dedicá-lo a todos companheiros do grupo. Nunca defendi outra equipe senão o Santos [é profissional desde 2002]. Estou um pouco ansioso. Afinal de contas, amanhã [hoje] terei de dizer adeus a um clube que aprendi a amar", disse Robinho, 21.
Mas, independentemente de ele marcar, jogadores e comissão técnica já estão mais que agradecidos. Tanto que prestariam ontem uma homenagem ao atleta. A pedido do treinador santista, Gallo, todos gravaram um depoimento em DVD, que também teria os principais gols e conquistas de Robinho (campeão brasileiro em 2002 e 2004), e seria entregue à principal estrela do clube ainda no hotel onde se concentraram.
Segundo o preparador físico santista Manoel Faleiro, o presidente do clube, Marcelo Teixeira, vetou qualquer homenagem ou faixa alusiva à despedida de Robinho dentro de campo.
"O Marcelo entende que não é uma despedida, mas sim um hiato, e que Robinho irá voltar", disse Faleiro. Robinho comentou em entrevista ao canal Sportv que pretende retornar ao time da Vila Belmiro com 28 ou 29 anos.
"Sinto-me honrado por ter convivido com um ídolo da grandeza do Robinho. A principal virtude dele é a humildade. O que mais me marcou na sua carreira foi a recuperação após o seqüestro da mãe [Marina de Souza foi libertada após 41 dias em cativeiro no final do ano passado]", disse Gallo.
Para o treinador, com a saída de Robinho, é hora de buscar um novo ídolo dentro da equipe.
"Claro que Robinho tem seu brilho próprio, mas a imprensa também precisa saber olhar agora para craques como [os meias] Ricardinho e Giovanni."
Se depender dos seus torcedores, o treinador será atendido. Ontem, antes do embarque santista em Cumbica, os dois únicos membros da Torcida Jovem (principal organizada do Santos) defendiam valorizar os que ficam.
"Só nós da torcida iremos a Belém, mas pelo Santos, não por Robinho. O time perde o melhor jogador do país, mas estamos magoados com ele pelo jeito que está saindo", disse Luciano Oliveira, vice-presidente da organizada, em referência ao fato de Robinho ter ficado um mês parado quando o Santos se recusava a aceitar a oferta do Real. O diretor de bateria da torcida, Marcos Santos, também viajaria a Belém.
Se em Cumbica só dois santistas foram se despedir de Robinho, no aeroporto de Belém cerca de 2.000 pessoas, pelos cálculos de um segurança do local, aguardavam o craque, que, com a delegação, deixou o lugar por uma saída alternativa. "Robinho é f...Deu uma pedalada na gente", lamentou a estudante Anayê Cancella, 13.


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