São Paulo, domingo, 24 de agosto de 2008

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Amarelo ouro

EDGARD ALVES
MARIANA LAJOLO

ENVIADOS ESPECIAIS A PEQUIM

A chegada à final já era o maior feito da história do vôlei feminino nacional. Mas as jogadoras sabiam que podiam, e precisavam, ir mais longe. Não desperdiçaram a chance.
Favorita, muito bem preparada e com uma campanha impecável, a seleção brasileira derrotou os EUA por 3 sets a 1 (25/15, 18/25, 25/13 e 25/21) e novamente fez história.
No banco de reservas, José Roberto Guimarães se tornou o primeiro treinador no vôlei a triunfar com homens e mulheres nos Jogos Olímpicos.
E, após festejar abraçado às atletas, deu o recado: "A cor da nossa medalha é amarela, sim, mas é amarelo de ouro".
Além de atingir os feitos inéditos, com a vitória de ontem, a seleção feminina apaga, enfim, a fama de "amarelar" em momentos decisivos.
Em Atenas-2004, com metade do grupo campeão ontem, a equipe caiu na semifinal, após desperdiçar sete match points. No Mundial-2006, foi superada na final ante as russas. No Pan-2007, perdeu o ouro para Cuba.
Desde então, a seleção intensificou o trabalho psicológico com as atletas. Sâmia Hallage, das categorias de base do vôlei, entrou em cena. No Grand Prix-2008, pouco antes dos Jogos, a seleção, tranqüila e determinada, foi campeã. A pedido do grupo, Sâmia foi a Pequim.
"Muitas das críticas que recebemos foram porque merecemos, porque o time não conseguia fechar algumas partidas. Mas aquilo doía na gente. Eu sabia que o time tinha caráter, brio, garra e que podia ganhar de qualquer um, mas [as derrotas] aconteceram. O que importa é que tudo vai passar, e essa medalha vai ficar na história", afirmou Zé Roberto. "Tirei não sei quantos quilos das costas."
Desde que chegaram à capital chinesa, as atletas repetiram sempre o discurso de que estavam confiantes no trabalho realizado. Em todas as partidas, mostraram estar no auge físico, técnico e tático. Foram à final sem perder um único set.
Ontem, tiveram dificuldade em alguns momentos, em especial no segundo set, quando sofreram com o saque das adversárias. O time, no entanto, soube reagir sob pressão e fechou os dois sets seguintes sem encontrar muitos obstáculos.
A inédita medalha de ouro marca a despedida da levantadora e capitã Fofão, 38.
Ela, que ficou anos à sombra de Fernanda Venturini, foi, na quadra, o cérebro de uma equipe jovem e renovada. Do lado de fora, foi a conselheira, fundamental na campanha em Pequim. A líder de uma geração que, depois de tropeços e dores, mostrou que conhece, sim, o caminho para vencer.


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