São Paulo, segunda-feira, 24 de agosto de 2009

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JUCA KFOURI

Esqueça o apito


Definitivamente, o melhor é não dar bola aos árbitros, que erram muito, mas não mais que os jogadores

PEGUEMOS O jogo do Pacaembu entre Corinthians e Botafogo, 3 a 3.
A rigor, dos seis gols, três podem ser contestados.
O segundo e o terceiro gols do Corinthians em falta e pênalti cavados por Jucilei e por Jorge Henrique. E o segundo do Botafogo, com a mão esquerda de André Lima, que depois ergueu as duas mãos ao céu, para agradecer ao "deuslize".
Além disso, houve um provável pênalti em Victor Simões no primeiro tempo que o árbitro deixou passar em branco.
Resultado: o resultado do jogo, com arbitragem eletrônica, seria outro, bem diferente, talvez 3 a 2 para os cariocas.
Só que arbitragem eletrônica é um sonho que está longe de se realizar, razão pela qual o mais inteligente é tratar menos de arbitragens, porque apesar da fragilidade dos apitadores, temos de reconhecer que é covardia comparar o olho humano ao da TV.
E mesmo assim cabem ponderações: provavelmente o apitador de ontem, dirá que o lance em Victor Simões não foi mesmo nada, pura encenação, e que tanto Jucilei como Jorge Henrique de fato receberam apenas dois leves empurrões, mas suficientes para derrubá-los em terreno tão escorregadio como estava o gramado do Pacaembu.
E ao reconhecer a mão na bola de André Lima (3 a 2 para o Corinthians...) diria que é humano, que erra, e lembraria o gol de Maradona contra a Inglaterra ou o de Túlio contra a Argentina, ou o de...
Mas, se esperto, diria também que Jorge Henrique e Dentinho perderam dois gols feitos no primeiro tempo. Que Mano Menezes demorou a tentar trancar o esfacelado Corinthians e que nada justifica o pênalti cometido pelo zagueiro botafoguense Léo Silva que atropelou Dentinho como uma jamanta desgovernada.
Porque é isso mesmo. Jogadores, técnicos, analistas de arbitragem, jornalistas em geral, também erram muito e será honesto reconhecer que o empate no Pacaembu se desenhava independentemente da arbitragem.
O raro leitor e a amável leitora já se deram conta de que não há mais uma entrevista de treinador que tenha perdido um jogo que não se livre da responsabilidade atribuindo-a ao apitador.
Há até aqueles que dizem não ter por hábito falar do árbitro para, em seguida, abandonar o discurso.
É claro que não dá para fazer a crônica desse 3 a 3 sem referência às lambanças, mas é de se ter sérias dúvidas se foram elas as responsáveis pelo placar final.
Como é de se lamentar a necessidade de ficar de olho no apito porque, de tempos em tempos, somos assolados por casos "Cattani", em 1996, "Ivens Mendes", em 1997, "Loebeling/Armando Marques", em 2001, e, mais recentemente, o caso "Edílson Pereira de Carvalho", em 2005.
Vale lembrar, porém, que quem mais reclama da solução encontrada em 2005 - a repetição dos jogos suspeitos - é quem hoje mais suspeitas lança sobre as arbitragens, o cartola Fernando Carvalho, do Inter, que lembra o senador Aloizio Mercadante, pois promete ir às últimas consequências, mas se curva, pragmaticamente.

blogdojuca@uol.com.br


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