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OS PERSONAGENS
Tampões deixam política de lado e falam em arriscar
DA ENVIADA A BRASÍLIA
A chance chegou em um telefonema. Do outro lado da linha, Carlos Alberto Kirmayr
convidava tenistas para encarar um desafio: livrar o Brasil
da terceira divisão da Davis.
Ronaldo Carvalho, 25, e Gabriel Pitta, 24, não hesitaram e
colocaram o fone no gancho
com a vaga certa. "Só pensei
que era minha grande chance.
Política a gente deixa pro Guga,
pro André Sá...", disse o goiano
Carvalho, o mais bem ranqueado do time (439º) e tido como
escolha natural de Kirmayr.
O tenista número um da
equipe, que estréia contra Ivan
Miranda (215º do mundo), terá
a seu lado uma surpresa. Pitta,
rival do bicho-papão Luis Horna (34º), ocupa o pior posto entre os convocados (734º).
Mas sua personalidade e forma de atuar conquistaram o
capitão. "Eu achava que tinha
possibilidade. Somos quatro,
pelo menos em 25% de chances
eu tinha de acreditar", disse ele.
Donos de saque potente e jogo rápido, com subidas à rede,
a dupla é a arma de Kirmayr
para tentar minar as forças dos
peruanos, que gostam de pontos longos, disputados no fundo de quadra. Carvalho e Pitta
também receberam autorização para ousar. "A responsabilidade é toda do Peru, e nós podemos arriscar sem medo de
errar", afirmou o goiano.
Além dos mesmos golpes, os
tenistas compartilham histórias parecidas. Começaram a
jogar com 9 anos por incentivo
dos pais, que gostavam de bater bola de vez em quando.
Na adolescência, descobriram que queriam viver do esporte, terminaram o colegial
aos trancos e barrancos, desistiram de seguir nos estudos em
cursos superiores e se jogaram
na vida nômade dos tenistas.
Pitta deixou a família em Mogi Mirim (SP), atuou por uma
universidade na Califórnia
(EUA), mas voltou ao Brasil.
Vive em uma república de oito
atletas. Quando o bolso aperta,
ainda precisa da ajuda materna. Seu companheiro deixou
Goiânia aos 17 anos para também se mudar para São Paulo.
Hoje mora com a irmã mais velha. Graças a um patrocinador,
paga suas contas.
(ML)
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