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CBT cobra para mostrar o pior Brasil na Davis
Ingresso para ver equipe que disputa vaga no Grupo Mundial com a Suécia, em Belo Horizonte, com ranking médio de 389, custa R$ 90
TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A BELO HORIZONTE
Além do adiamento dos jogos
da Copa Davis marcados para
anteontem, os torcedores mineiros têm outro motivo para
ficarem frustrados. Pagaram
para ver em quadra o pior time
brasileiro dos últimos tempos.
Pelo menos desde 95, ano em
que Gustavo Kuerten inaugurou sua carreira profissional e
que iniciou a popularização do
esporte no país, o Brasil não cobra para exibir, em casa, uma
equipe com um ranking médio
tão baixo como o escalado para
enfrentar a Suécia neste fim de
semana, no duelo que vale vaga
na elite do torneio em 2007.
A média entre as colocações
de Guga, Flávio Saretta, André
Sá e Ricardo Mello é de 389.
Nem mesmo quando os principais tenistas do país fizeram
um boicote em protesto à então
administração da Confederação Brasileira de Tênis, em
2004, o número foi tão baixo.
Em setembro de 2004, Brasília viu um time improvisado, de
atletas inexperientes, cujo ranking médio era mais baixo: 595.
A diferença é que, na ocasião,
a CBT abriu os portões e liberou a entrada da torcida. Agora,
em Belo Horizonte, os fãs pagaram pelo menos R$ 90 para ver
as partidas que começaram ontem, pouco antes do fechamento desta edição, após a quadra
ter ficado completamente seca.
Por ironia, o responsável por
puxar o ranking médio do time
brasileiro tão para baixo é Guga, que desde 2004 não é tão
competitivo como em seus
tempos de número um do mundo devido a lesões e cirurgias.
Hoje, ele é só o 1.121º do ranking e fez só um jogo no ano, o
qual perdeu para o novato André Ghem na Costa do Sauípe.
Mas a "culpa" não é só de Guga. Esta é também a primeira
vez que o Brasil não leva à quadra pelo menos um tenista top
cem para jogar a Davis -com
exceção de três confrontos que
ocorreram durante o boicote.
E não é por falta de um representante entre os cem melhores do mundo. Thiago Alves,
número um do país, é o 96º.
Mas o capitão Fernando Meligeni preferiu não convocá-lo
por falta de experiência na Davis -Alves treina com o grupo.
A equipe que disputa a Davis
retrata a situação do tênis no
país. Fora Guga, o time tem
atletas de qualidade, que já tiveram resultados bons, mas
que não rendem como antes.
Pior, a renovação é lenta.
Prova disso é que o último brasileiro a erguer troféu num torneio do circuito internacional
foi Mello, há exatos dois anos e
cinco dias, em Delray Beach.
Este é, aliás, o quarto pior jejum de títulos ou mesmo de finais da história do esporte no
país. E o pior desde o começo da
"era Guga". Os outros períodos
ocorreram nos anos 70 e 80.
No auge do catarinense, o
maior jejum durou um ano, entre setembro de 2001 e setembro de 2002, época da primeira
cirurgia no quadril a que Guga
foi submetido, em fevereiro daquele ano.
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