São Paulo, segunda-feira, 24 de setembro de 2007

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JUCA KFOURI

Quero meu futebol de volta


Faz tempo que não se vê um Palmeiras e Corinthians com cara de Corinthians e Palmeiras. Que coisa!


O PALMEIRAS mereceu ganhar porque tem, além dos goleiros, dois ou três jogadores que poderiam jogar em antigos times alviverdes. O Corinthians mereceu perder porque só tem um, exatamente seu goleiro, que evitou uma goleada.
Mas mais uma vez tivemos um clássico nada parecido com o que este clássico já foi. Claro, basicamente por causa da má qualidade de ambos os times, mas, também, não só porque a violência afasta o torcedor dos jogos de maior rivalidade como porque até o uniforme não ajuda, no caso o do Palmeiras, limão fosforescente. Caneta de marcar texto, seleção cepacolina, qualquer coisa, menos o verde esmeralda que fez a história do Palmeiras.
E olhe que neste futebol sem ídolos que mantenham o vínculo dos torcedores com seus clubes (exceção feita a Rogério Ceni e ao retornado Marcos), a camisa foi tudo que sobrou. Pois nem isso prevaleceu no Morumbi, com só 18 mil pessoas, apesar da bela tarde. Prevaleceu, apenas, o gol de Nen, pouco para o que foi a superioridade palmeirense diante de um Corinthians que mais parece o time dos casados nos jogos da várzea contra o dos solteiros.

Para marcar uma vida
Ao contrário do que aparenta, ter de cumprir um mandato-tampão de um ano deve ser o aspecto mais atraente para o próximo presidente do Corinthians. Alguém que entenda a importância do papel de fazer a transição deste momento terrível para o Corinthians do século 21, de estatuto novo, com limite de uma reeleição, sem conselheiros vitalícios, com a separação do futebol da parte social, com gestão profissional, poderá ocupar um espaço ímpar na história corintiana.

Custo e benefício
O Santos permanece candidatíssimo à Libertadores. Mas chama a atenção que, ao custo de seu elenco e comissão técnica, esteja atrás de quem está.
É estranho, mas tanto contra o São Paulo como contra o Grêmio, o time foi dominado de tal maneira que passa a sensação de jogar sem alma, com uma auto-suficiência que sua campanha não justifica.

Verdade histórica
Nesta Folha de ontem há uma legenda na reportagem sobre os 30 anos da invasão da PUC que merece uma retificação pessoalíssima, que peço permissão para fazer ao seu autor e ao raro leitor.
Está dito que a reitora da PUC "conversa" com Erasmo Dias.
Pois não conversa.
E nem olha para o então truculento secretário da Segurança. Naquela noite de covardia infinita, a reitora Nadir Kfouri, eleita pelos alunos, professores e funcionários da PUC, a primeira mulher a assumir uma universidade católica no mundo, graças à interferência pessoal do cardeal Paulo Evaristo Arns junto ao papa, deixou o caricato coronel com a mão direita estendida no ar. Disse que não cumprimentava assassinos e virou as costas, cena testemunhada por meu pai, procurador de Justiça que lá estava só por solidariedade à irmã e que aparece na foto, de óculos, encoberto por minha tia, hoje com 93 anos e o orgulho da família.

blogdojuca@uol.com.br

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