São Paulo, sexta-feira, 24 de setembro de 2010

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Bancada da bola

Candidatos ligados a clubes põem à prova aprovação dos torcedores nas eleições

THIAGO BRAGA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

De hoje até o dia 3 de outubro, data das eleições, serão apenas três rodadas do Campeonato Brasileiro-2010.
São três partidas para que alguns candidatos fortemente ligados a clubes que disputam o torneio revertam o desempenho das suas equipes em votos nas urnas.
Estará em curso um teste de fidelidade clubística. Será que boas campanhas alavancam candidaturas? E campanhas ruins, fazem candidatos não serem eleitos?
Alguns postulantes no próximo pleito, porém, rechaçam a ideia de que só a ligação afetiva com uma agremiação seja capaz de eleger algum candidato.
Paulo Odone, ex-presidente do Grêmio e novamente postulante ao cargo no clube que está na 11ª posição no Brasileiro, é candidato a deputado estadual no Rio Grande do Sul. Ele diz que não vê relação entre seu cargo no clube e sua eleição, porque já fazia parte da vida pública antes de participar da direção gremista.
Ele conta também que não vê com bons olhos quem entra na política só por causa do futebol e faz uma crítica ao sistema eleitoral do país.
"Hoje a gente tem no Congresso a bancada da bola, da igreja, da agropecuária. Isso acontece porque o nosso sistema eleitoral permite. São os partidos que saem atrás dos jogadores, das igrejas, das corporações, para poder ter repercussão popular e votos na legenda. Por isso temos as bancadas", afirma.
Para acabar com esse problema, Odone defende que a votação seja feita no sistema de listas, onde os eleitores votam nos partidos, que se encarregam de escolher a ordem dos candidatos.
"Não pode ser apenas a preferência pelo clube o critério definitivo na hora de votar", defende Beto Albuquerque, que é conselheiro e assessor da presidência no Inter -clube que conquistou o bicampeonato da Libertadores neste ano-, e candidato a deputado federal.
"Prefiro ser eleito por ser o cara que luta pelo trânsito seguro, pela doação de órgãos, pela defesa dos agricultores familiares, coisas que eu luto há 20 anos", afirmou Albuquerque. Apesar disso, ele acredita que, neste ano, terá mais votos que os 174 mil que teve nas eleições de 2006.
Mas e quando o time está mal na tabela? Será que isso abala a votação?
Valdivino de Oliveira, presidente do Atlético-GO, que ocupa a 17ª posição do campeonato e que está lutando para não ser rebaixado para a Série B, não vê uma relação direta entre campanha do time e votos obtidos nas urnas.
"Acho que eles [torcedores] votam em mim pela gratidão por ter recuperado um clube cheio de dívidas, que não ganhava títulos há 18 anos e que ganhou quatro títulos em cinco anos", afirmou Valdivino, que assumiu o clube em 2006 e é candidato a deputado federal.


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