São Paulo, quinta, 24 de setembro de 1998 |
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice FUTEBOL Nova seleção sente falta de esquema tático, falha na defesa e, mesmo ajudada pela arbitragem, só empata Luxemburgo faz sua estréia sob vaias
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO enviado especial a São Luís A nova seleção brasileira, que passou mais de 48 horas sob aplausos e gritos de histeria dos maranhenses, conseguiu esgotar a paciência da torcida e deixou o estádio Castelão, em São Luís, vaiada. Não foi tanto pelo empate por 1 a 1 com a Iugoslávia, na estréia de Wanderley Luxemburgo no comando da equipe 73 dias após o fiasco da final da Copa da França, mas a apática atuação no segundo tempo que causou a irritação. Talvez para aplacar as vaias, o técnico, nos momentos finais, ainda colocou o maranhense Jackson em campo, em lugar de Marcelinho, autor do gol brasileiro, seu primeiro com a camisa da seleção. Reformulado em relação à equipe que perdeu para a França na decisão da Copa-98, o time sentiu a ausência de um esquema tático. As falhas do Brasil foram mais nítidas na defesa. Os zagueiros Antônio Carlos e Cléber, que já tinham jogado juntos quando Luxemburgo comandava o Palmeiras, não se entendiam, permitindo chances de gol para a Iugoslávia. E foi assim, logo aos 7min, que os europeus abriram o marcador, gol de Milosevic, que atua no futebol espanhol. Aproveitando a primeira de várias das falhas da defesa, encobriu o goleiro André e fez 1 a 0. O gol em sua estréia na seleção não assustou André. "O importante é que depois nos recuperamos." No primeiro tempo, Marcelinho, que aos 17min empatou o jogo cobrando falta, desperdiçou pelo menos duas boas oportunidades. A falta que originou o gol do meia-atacante não aconteceu. Rivaldo, em jogada pela esquerda, se jogou. Rivaldo perderia outras duas chances -uma batendo falta, aos 34min, quando chutou no travessão de Kralj-, e Denílson, uma. Na etapa final, porém, quando o público imaginava que o Brasil se aproveitaria do cansaço iugoslavo, que reclamava do calor -o jogo começou sob temperatura de 33 C-, a seleção caiu de produção, provocando as primeiras vaias. Nem a expulsão de Grozdic no início da segunda etapa, após entrada por trás em Marcelinho, ajudou o Brasil. Mais uma vez os europeus reclamaram do árbitro, julgando que Sidrack Marinho fora muito rigoroso na expulsão. A queda de rendimento da seleção brasileira foi tanta que a primeira vez que o time chegou perto do gol adversário foi aos 27min. No final, com a saída de Felipe, Marcos Assunção, Rivaldo, Marcelinho e Rivaldo, que não demonstravam mais muito interesse, a equipe até que subiu de produção. Aos 46min, por exemplo, Christian, livre diante de Zilic, goleiro que substituiu o titular Kralj no intervalo, desperdiçou boa chance. No final, sobraram as vaias, os lamentos de atletas como Cafu, para quem o fato de os brasileiros não se conhecerem o suficiente atrapalhou, e a alegria dos iugoslavos. "Empatar com o Brasil fora de casa, num calor como estava fazendo, foi excelente. Depois, no avião, vou saber o que aconteceu com o time do Brasil", disse o atacante Mijatovic, principal atleta da Iugoslávia, referindo-se ao fato de que as equipes seguiriam à noite no mesmo vôo para São Paulo. As reclamações dos iugoslavos, que consideraram parcial a atuação de Marinho, surtiram efeito. Para os amistosos de 26 de novembro, em Fortaleza, e de 10 de dezembro, em São Paulo, contra rivais ainda não definidos, a CBF deve chamar juízes estrangeiros. Nesta segunda, Luxemburgo vai convocar jogadores para o amistoso deste dia 14, em Nova York, provavelmente contra a Colômbia. Texto Anterior | Próximo Texto | Índice |
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