|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Viagens tomaram R$ 857 mil do ministério
FERNANDO MELLO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA
Dono do menor orçamento da
Esplanada dos Ministérios, a pasta do Esporte gastou neste ano R$
857.062,41 em viagens de Agnelo
Queiroz e outros funcionários.
Dados do Siafi, o Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal, mostram ainda que o ministério está a
um passo de estourar o orçamento de viagens, mas longe de conseguir gastar o que foi reservado para alguns de seus programas.
De 5 de janeiro, quando o ministro tomou posse, até agora, a
pasta gastou R$ 234.649,64 com
"Pagamentos de Diárias-Civil no
País e no Exterior" e R$ 622.412,77
com "Passagens e Despesas com
Locomoção".
O valor corresponde a 88,4% do
orçamento destinado a viagens.
Percentualmente, apenas os itens
relativos a salários e a auxílio-transporte tiveram gastos maiores do que os de viagens.
Até aqui, o ministério aplicou
R$ 5.614.827,20 em projetos esportivos. O valor equivale a 10,4%
de todos os gastos da pasta, incluindo despesa com pessoal,
equipamentos e viagens -o
montante global das despesas foi,
até 17 de outubro, de R$
53.885.364,36.
O gasto com viagens supera individualmente alguns programas
da pasta. É maior, por exemplo,
do que tudo que já foi pago para o
programa "Esporte na Escola",
que, antes do contingenciamento
imposto pelo Ministério do Planejamento, previa gastos de cerca
de R$ 59,2 milhões.
Até 10 de outubro, de acordo
com o "Acompanhamento da
execução orçamentária da União
2003", o ministério havia gasto R$
844.688,05 com o programa, que
prevê funcionamento de núcleos
de esporte e implantação de infra-estrutura em escolas, edição de
material didático e promoção de
eventos. Percentualmente, a pasta
gastou 1,6% do que fora planejado
na confecção do orçamento, no
ano passado.
O valor das viagens é ainda cerca de oito vezes o gasto com "Implantação de Infra-estrutura Esportiva para uso de comunidades
carentes", projeto que constrói
quadras poliesportivas nas periferias das cidades -que consumiu
R$ 113.408,00 em dez meses- e
que vai ao encontro do discurso
do ministro de que o esporte deve
ser um meio de inclusão social.
Queiroz, que viajou pelo Brasil
todo e viu da final da Libertadores
até jogo da seleção brasileira em
Manaus, a convite da CBF, esteve
por cinco vezes fora do país.
Uma vez foi para a Espanha, outra para Cuba e três para a República Dominicana, origem do
maior escândalo do ministério até
aqui. Ontem, Queiroz devolveu
R$ 5.436,00, referentes a quase
50% do adiantamento pelas diárias do Pan. Apesar de ter a hospedagem paga pelo COB, ele tinha
ficado com a diária integral adiantada pelo ministério -R$
11.112,00. Só decidiu pelo reembolso 65 dias depois dos Jogos para responder as críticas de Paula.
Em dez meses de gestão, o ministro recebeu R$ 25.987,51 em
diárias. O valor obtido por Queiroz é superior, por exemplo, ao
dado à ministra Benedita da Silva
(Ação Social), que recebeu R$
22.204,24. Representa ainda pouco menos da metade dada a Antonio Palocci Filho (Fazenda), que
esteve na Suíça, EUA, Paraguai,
Espanha, Emirados Árabes e Argentina, recebendo R$ 54.830,30.
Texto Anterior: Paula critica ministro e sua intimidade com o COB Próximo Texto: Outro lado: Pasta afirma que gestão anterior gastou o dobro Índice
|