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São Paulo, sexta-feira, 24 de outubro de 2003

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Viagens tomaram R$ 857 mil do ministério

FERNANDO MELLO
ENVIADO ESPECIAL A BRASÍLIA

Dono do menor orçamento da Esplanada dos Ministérios, a pasta do Esporte gastou neste ano R$ 857.062,41 em viagens de Agnelo Queiroz e outros funcionários.
Dados do Siafi, o Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal, mostram ainda que o ministério está a um passo de estourar o orçamento de viagens, mas longe de conseguir gastar o que foi reservado para alguns de seus programas.
De 5 de janeiro, quando o ministro tomou posse, até agora, a pasta gastou R$ 234.649,64 com "Pagamentos de Diárias-Civil no País e no Exterior" e R$ 622.412,77 com "Passagens e Despesas com Locomoção".
O valor corresponde a 88,4% do orçamento destinado a viagens. Percentualmente, apenas os itens relativos a salários e a auxílio-transporte tiveram gastos maiores do que os de viagens.
Até aqui, o ministério aplicou R$ 5.614.827,20 em projetos esportivos. O valor equivale a 10,4% de todos os gastos da pasta, incluindo despesa com pessoal, equipamentos e viagens -o montante global das despesas foi, até 17 de outubro, de R$ 53.885.364,36.
O gasto com viagens supera individualmente alguns programas da pasta. É maior, por exemplo, do que tudo que já foi pago para o programa "Esporte na Escola", que, antes do contingenciamento imposto pelo Ministério do Planejamento, previa gastos de cerca de R$ 59,2 milhões.
Até 10 de outubro, de acordo com o "Acompanhamento da execução orçamentária da União 2003", o ministério havia gasto R$ 844.688,05 com o programa, que prevê funcionamento de núcleos de esporte e implantação de infra-estrutura em escolas, edição de material didático e promoção de eventos. Percentualmente, a pasta gastou 1,6% do que fora planejado na confecção do orçamento, no ano passado.
O valor das viagens é ainda cerca de oito vezes o gasto com "Implantação de Infra-estrutura Esportiva para uso de comunidades carentes", projeto que constrói quadras poliesportivas nas periferias das cidades -que consumiu R$ 113.408,00 em dez meses- e que vai ao encontro do discurso do ministro de que o esporte deve ser um meio de inclusão social.
Queiroz, que viajou pelo Brasil todo e viu da final da Libertadores até jogo da seleção brasileira em Manaus, a convite da CBF, esteve por cinco vezes fora do país.
Uma vez foi para a Espanha, outra para Cuba e três para a República Dominicana, origem do maior escândalo do ministério até aqui. Ontem, Queiroz devolveu R$ 5.436,00, referentes a quase 50% do adiantamento pelas diárias do Pan. Apesar de ter a hospedagem paga pelo COB, ele tinha ficado com a diária integral adiantada pelo ministério -R$ 11.112,00. Só decidiu pelo reembolso 65 dias depois dos Jogos para responder as críticas de Paula.
Em dez meses de gestão, o ministro recebeu R$ 25.987,51 em diárias. O valor obtido por Queiroz é superior, por exemplo, ao dado à ministra Benedita da Silva (Ação Social), que recebeu R$ 22.204,24. Representa ainda pouco menos da metade dada a Antonio Palocci Filho (Fazenda), que esteve na Suíça, EUA, Paraguai, Espanha, Emirados Árabes e Argentina, recebendo R$ 54.830,30.


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