São Paulo, domingo, 24 de outubro de 2004

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De poucas palavras, Raikkonen diz que não tem amigos nem ídolos

DA REPORTAGEM LOCAL

Faz frio em São Paulo. Pontualmente às 18h03, Kimi Raikkonen chega ao estande da Michelin no Salão do Automóvel. De camiseta e boné, o piloto de poucas palavras não esboça sorrisos para os curiosos que cercam o local.
Também não demonstra sentir frio. "Estou acostumado. Não achei que a temperatura estivesse assim, mas para mim tanto faz."
Cansado de ser conhecido na categoria como Ice Man (homem-gelo, em inglês), tatuou no pulso direito um sol negro. (TC)
 

Folha - Defina Michael Schumacher em uma palavra.
Kimi Raikkonen -
Não sei, ele é um bom piloto, é rápido, mas também precisamos levar em conta que ele tem um carro bom e uma equipe que trabalha para ele. Não saberia como defini-lo em apenas uma palavra.

Folha - Defina-se numa palavra.
Raikkonen -
Eu? Não sei, é muito difícil falar sobre mim mesmo.

Folha - Você acha que pode bater Michael Schumacher?
Raikkonen -
Claro. Já o derrotei algumas vezes, em Spa [Bélgica] neste ano, por exemplo. Tivemos alguns problemas com o carro durante a temporada, mas assim que conseguirmos um equilíbrio acho que daremos trabalho. Precisamos mudar, desenvolver o carro e trabalhar muito, mas sei que posso conseguir.

Folha - O que você conhece em São Paulo?
Raikkonen -
Muita gente [risos]. Nunca fui a lugar nenhum porque sempre venho sozinho e somente para o final de semana da corrida. Tudo o que eu conheço é o hotel em que fico, o aeroporto e a pista.

Folha - O que acha de Interlagos?
Raikkonen -
Gosto muito. O maior problema é que a pista é muito ondulada. Mas é um circuito balanceado, que tem um pouco de tudo. Subidas, descidas...

Folha - Quem estará lutando pelo título em cinco anos?
Raikkonen -
Não tenho idéia. Acho que ninguém tem como saber isso. Espero que eu esteja, mas não sei nem se vou estar dirigindo até lá.

Folha - O que você tem que outros pilotos não têm?
Raikkonen -
Não sei o que os outros têm ou não têm. Mas eu não gosto de falar sobre mim, acho isso difícil.

Folha - Quem eram seus ídolos quando era garoto?
Raikkonen -
Nunca tive ídolos na F-1 ou no automobilismo. Eu assistia às corridas, mas acompanhava mais os times, já que a Finlândia não tinha grandes pilotos naquela época.

Folha - Sonhava em correr na F-1?
Raikkonen -
Quando era pequeno não pensava nisso seriamente. Até tinha essa idéia, mas nunca achei que fosse muito realista. Comecei a pensar nisso mesmo só em 2000, quando eu corria na F-Renault inglesa [foi campeão].

Folha - Como foi a sua estréia na F-1? Ficou muito nervoso?
Raikkonen -
Não muito. Pensando friamente, era uma corrida como outra qualquer.

Folha - O que achou das mudanças nas regras impostas pela FIA?
Raikkonen -
Não sei. Acho um pouco complicado essa coisa de mudar as regras todos os anos. Confunde o público e os pilotos.

Folha - Você é apontado como promessa da F-1. Há pressão?
Raikkonen -
Não. Acho legal que as pessoas achem que sou o futuro da categoria. Acho que isso é uma coisa boa, que acaba me incentivando mais do que atrapalhando.

Folha - Tem amigos na categoria?
Raikkonen -
Não. Tenho colegas, mas não são meus amigos, não sou amigo de nenhum piloto.

Folha - Qual o melhor e o pior da F-1?
Raikkonen -
A melhor coisa com certeza é correr. A pior é perder a privacidade. Às vezes você quer sair e as pessoas te reconhecem na rua, te esperam fora dos restaurantes...

Folha - A categoria está chata?
Raikkonen -
Não acho. Pelo menos para nós que estamos correndo. Claro que não há briga pelo primeiro lugar muitas vezes, mas para os que estão atrás a competição continua disputada.


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