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FUTEBOL
Rivaldo e Sócrates
JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA
Na dúvida entre pegar carona na coluna do Tostão ou
na entrevista de Rivaldo para
Paulo Galdieri (publicada na edição nacional desta Folha de ontem), resolvi fazê-lo em ambas.
Porque nada justifica que Rivaldo, o melhor jogador da seleção brasileira na Copa de 2002 na
opinião do Felipão, tenha que pedir uma chance para disputar a
Copa da Alemanha.
Nem sei, na verdade, como ele
anda jogando na Grécia. Mas sei
do que ele é capaz. E por uma
questão de respeito a quem fez o
que já fez, no mínimo, Rivaldo
merece uma ligação de Parreira
para resolver sua angústia.
Antimarqueteiro por definição,
introspectivo por natureza, Rivaldo é dos craques mais completos
dos últimos tempos, tamanha sua
capacidade em lidar bem com
quase todos os fundamentos do
futebol. E, se continua ídolo pelos
campos gregos -gregos que, embora eliminados da Copa-06, são
os atuais campeões europeus-,
alguma coisa ele ainda tem.
Não é possível que Parreira esteja preocupado em evitar a presença de mais um monstro sagrado em seu grupo, tantas são as opções e os bons problemas que tem.
Nem que seja para o banco, Rivaldo, assim como Alex, merece o
que pede.
E já que falei em gregos, a coluna do Tostão, sobre os humores
do futebol, me lembrou de Sócrates, o craque, não o filósofo, e de
Flávio Gikovate, o terapeuta da
"Democracia Corinthiana", que é
meio filósofo.
Aprendi com ambos que futebol
é, essencialmente, cabeça.
Era delicioso ver os jogos do Corinthians nos idos de 1982/83 ao
lado de Gikovate.
Neófito nas coisas da bola, ele
sabia, e sabe, tudo sobre comportamento humano.
A ponto de prever, com rara
margem de acerto, como o time se
comportaria baseado na observação e nas conversas que tinha
com os jogadores.
"Hoje o Magrão vai jogar mal, e
o Corinthians deve perder", garantia. "Mas por quê?", eu perguntava. "Porque ele está muito
feliz", respondia.
Ao contrário, quando via Sócrates ensimesmado, Gikovate
apostava, e ganhava, na vitória.
"Hoje ele vai arrebentar. Brigou
com a mulher e está triste."
Mistérios do comportamento
humano que não podem ser generalizados nem levar à conclusão
de que o Doutor Sócrates passou
infeliz dois anos no Parque São
Jorge, pois no período o time foi
bicampeão paulista em duas decisões contra o São Paulo, que era
superior.
Gikovate tem lá suas teorias, é
claro. E uma delas ensina que um
time precisa de um chefe inconteste, como Sócrates era no Corinthians, e não era na seleção brasileira de 1982 -que tinha, além
dele, Zico e Falcão, razão da derrota, segundo o analista, na Copa
da Espanha.
O que motiva sua preocupação
para o ano que vem, porque ele
acha que a história se repete.
E, aí, de fato, a inclusão de Rivaldo, com seu perfil tímido, também não resolve. Mas cadê o
Dunga do grupo de Parreira?
Gafe da Rainha
Enfim, aos 34 anos do Brasileirão, a CBF resolveu fazer uma
festa dos melhores do ano. O
momento do anúncio não poderia ser pior, em meio ao escândalo da arbitragem. Mas,
quem sabe se para 2006 a CBF
não faz também uma abertura
de campeonato digna do país
pentacampeão, com um festivo
jogo inaugural? Agora, que
doeu ver a Rainha Hortência à
mesma mesa que Ricardo Teixeira, lá isso doeu. Ou será que
ela não sabe que o Grego (a coluna está, de fato, helênica hoje)
da CBB, contra quem ela luta, é
como se fosse uma freira se
comparado aos cartolas do futebol? Não há razão profissional nem dinheiro que pague o
tamanho da gafe, porque Hortência não é do tipo desfrutável
como tantos artistas por aí.
Paula nunca fez nada parecido.
@ - blogdojuca@uol.com.br
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