São Paulo, terça-feira, 24 de outubro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SONINHA

Desconhecidos ilustres


Não é fácil fazer uma lista de celebridades do Brasileiro. Seria bom segurar os talentos e ter mais craques por aqui!


ROMEU , Marcel, Juninho, Reinaldo, Renato, Vinicius Pacheco, Fabiano Oliveira, Marcos Aurélio, Ferreira, Válber. O que esses jogadores têm em comum?
Todos marcaram gols pela Série A do Brasileiro no último domingo. Quem assiste às mesas-redondas, acompanha o noticiário de futebol pelo rádio, TV e jornais não terá dificuldade para apontar Fluminense, Botafogo, Corinthians, Flamengo e Atlético-PR como as equipes que eles defendem. Ou terá?
Nem todos são titulares, alguns têm vários xarás, outros jogam em times com menos cobertura da mídia nacional e isso pode confundir até o torcedor mais atento. Imagine aquele que gosta de futebol apenas até o ponto de torcer por um time, saber dos rivais e assistir aos gols...
Quem sabe que o São Paulo está folgado na frente, que o Corinthians e o Palmeiras não saem de perto da zona do rebaixamento, que o Inter ganhou a Libertadores e não muito mais do que isso...
Seria interessante testar torcedores comuns com perguntas do tipo: quais são os destaques do campeonato (jogadores, e não times); quem é o principal jogador de Corinthians, Palmeiras, Santos, Flamengo, Fluminense, Botafogo, Grêmio, Inter; que outro nome se sobressai em cada um desses times? Com os desavisados de sempre e a quantidade de desconhecidos ilustres nos gramados, as respostas seriam divertidas...
Não ia faltar quem escalasse Ricardinho em alguma equipe, errasse o time do Luizão e não soubesse dizer se o Marcelinho está ou não no Corinthians; o fato é que não há muitos nomes facilmente reconhecíveis nos grandes times brasileiros.
Isso não é necessariamente sinal de que algo vai mal. Pode ser o resultado do técnico escalar os melhores para cada situação -e não os mais bem pagos ou queridinhos da torcida. Ou indicar a contratação de alguém que realmente pareça útil para o time e não para o clipping do patrocinador. Mas não deixa de ser um pouco triste ver mais "famosos" jogando fora do Brasil do que em nosso próprio campeonato; saber que mal começamos a apreciar o Lucas (Grêmio) e o Marcelo (Fluminense) e eles já estão para ir embora...
É a choradeira de sempre, mas como fugir dela? Os times brasileiros são incapazes de segurar seus talentos. Já não são só os astros consagrados, mas cada vez mais as revelações vão embora antes mesmo de terem a história, a fisionomia e o estilo gravados pela torcida.
Não seria ótimo os times já começarem a próxima temporada brandindo seus novos craques, ameaçando os adversários com as estrelas em ascensão? Não, lá se vão nossas descobertas engrossar elencos europeus e asiáticos, deixando um dinheirinho (ou dinheirão) para pagar salários atrasados (ai) ou para o clube começar de novo, buscando revelações e repatriando os que não deram certo ou cansaram do exterior.
Quando e como será que esse modelo vai se esgotar? É impossível fazer frente ao desejo por fama e dinheiro de um jogador cobiçado pelo Real Madrid, mas o futebol brasileiro tem de ser mais atraente do que times e campeonatos cujo único magnetismo é financeiro.
Sinceramente, não tenho uma solução simples e infalível, mas aposto que um pouco mais de organização e estabilidade ajudariam. Se os clubes melhorassem sua arrecadação (o que é possível com mais atenção ao torcedor no estádio, por exemplo), pagassem em dia, fizessem projetos para médio e longo prazo e explorassem melhor sua marca e a imagem dos seus ídolos, talvez sofressem menos desfalques a cada semestre.
Apesar de todos os problemas, o campeonato é legal. Muitos times na disputa em cima e embaixo, alguns estádios cheios, vários gols bonitos... Imagine se o futebol tivesse de seus dirigentes o respeito que merece.

soninha.folha@uol.com.br


Texto Anterior: Helicóptero frustra sigilo no Palmeiras
Próximo Texto: Popó volta atrás e diz que não se aposenta
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.