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FUTEBOL
Cerca de 50 pessoas acompanharam o enterro do ex-treinador da seleção, do Vasco e do Flamengo
Técnico de 50, Flávio Costa é enterrado
da Sucursal do Rio
e da Reportagem Local
O ex-técnico de futebol Flávio
Costa foi enterrado ontem à tarde
no cemitério São João Batista, na
zona sul do Rio de Janeiro.
Cerca de 50 pessoas acompanharam o cortejo fúnebre e assistiram ao sepultamento.
Costa morreu anteontem à noite, aos 93 anos, vítima de aneurisma abdominal (dilatação das artérias do abdômen).
Ele estava internado na Policlínica de Botafogo, zona sul do Rio,
desde o dia 15, aniversário do Clube de Regatas do Flamengo, seu
primeiro grande clube como jogador profissional e como treinador, além de seu time de coração.
Uma bandeira do time cobriu ontem o caixão do ex-treinador.
Apesar de ter conquistado o primeiro tricampeonato carioca da
história do Flamengo (1942, 43 e
44), o Campeonato Sul-Americano de 1948 pelo Vasco e a Copa
América de 1949 pela seleção,
Costa ficou marcado na história
do futebol brasileiro como o treinador da seleção na Copa de 1950
(leia texto nesta página).
Antes de começar a carreira de
treinador, Flávio Costa iniciou-se
na carreira militar, a pedido do
pai, e logo tornou-se jogador. Começou como lateral-direito do
Heleno, clube pequeno do Rio, e
depois transferiu-se para o Flamengo, de onde saiu para o futebol paulista e voltou, para encerrar a carreira, em 1934.
Como treinador, venceu pelo
Flamengo o tricampeonato de 42-44 e, por isso, foi convidado para
assumir a seleção brasileira. Como naquela época esse cargo não
exigia dedicação exclusiva, ele
continuou no comando do clube.
Em 1945, ele foi para o Vasco,
atraído pelo maior salário já pago
a um treinador no Brasil. Depois
de reforçar a equipe com alguns
dos maiores jogadores da época,
como o meia Zizinho, montou o
chamado ""Expresso da Vitória" e
ganhou os títulos de 1947, 49 e 50,
além do Sul-Americano de clubes
de 1948, um torneio disputado
apenas naquele ano entre os campeões dos demais países sul-americanos e o Vasco, representando
o Brasil -que ainda não possuía
um campeonato nacional.
Considerado o primeiro técnico
brasileiro estrategista, Flávio Costa foi um dos inventores da diagonal, sistema tático brasileiro que
fazia com que a equipe fosse mais
ofensiva por um lado e mais defensiva pelo outro.
É por isso que algumas equipes
até os anos 70 tiveram o camisa 10
(meia-esquerda) como ponta-de-lança e o 8 (meia-direita) como
armador, caso do Santos e Flamengo, enquanto outras tinham
o desenho inverso.
Depois de aposentado, Costa
tornou-se mais crítico sobre a estrutura do esporte nacional. É dele a frase: ""O futebol brasileiro só é
profissional da boca do túnel pra
dentro do campo".
O ex-lateral-esquerdo Bigode,
78, que participou da seleção de
1950, disse que Costa era ""valente
e disciplinador". ""Ele não era de
brincadeira e sempre tratava a todos com seriedade", disse. O ex-lateral foi acusado de se acovardar
na decisão do Mundial após levar
um tapa do meio-campo Obdúlio
Varela, capitão do Uruguai.
Além do episódio envolvendo o
suposto tapa, Bigode foi responsabilizado, junto com o goleiro
Barbosa, pelo gol da vitória uruguaia, marcado por Gigghia.
""A derrota para o Uruguai foi
uma fatalidade. Ele (Costa) não
teve culpa, mas ficou tão marcado
quanto eu. Aquela derrota apagou tudo de bom que fizemos na
vida. A vida é assim. Não se pode
viver só de glórias", disse Bigode.
""Desde 1955 não vi mais o Flávio Costa, mas tínhamos uma relação boa dentro do campo", disse o ex-lateral, que hoje mora em
Belo Horizonte (MG).
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